InsetRima
Autores (por ordem de aparição): Elaiô Vavío, Lucas Chaga$, Helen Nzinga e Xandy MC
	Não é natural, é proposital. Apenas algumas pessoas têm saneamento ideal.
	É estrutural e colonial, quem é pretx e faveladx sofre racismo ambiental. 
	Sem esgotamento e tratamento adequado, a água mais poluída é do povo favelado.
	Não é nossa culpa, a culpa é do Estado. Que seleciona o bairro em que o esgoto é tratado!
	Mal financiado e sucateado, o saneamento básico da favela é precário.
	Esgoto ao céu aberto, lixo e valão 'facilita' o adoecimento de toda a população.
	Criadores de mosquito, risco biológico. Dengue, Zika e Chikungunya em movimento periódico.
	Mas há maneiras de se prevenir, evitando que os mosquitos possam se reproduzir.
	Esvaziando os recipientes e os cobrindo bem, não tem como os mosquitos se multiplicarem.
	Cuidando bem da água, sem desperdiçá-la. Sem jogar lixo na rua pra poder contaminá-la.
	Respeitando a natureza e a cultivando, é possível viver melhor e a vida ir melhorando.  
	Desequilíbrio ambiental trouxe pra cidade doenças que podem fazer muito mal
	Mosquitos infectados, propagando o caos
	Dengue, zika e chikungunya você já viu no jornal
	Saneamento básico precário, aí não dá
	É tudo que o Aedes queria encontrar
	Quando tem água o morador vai estocar
	Se deixar destampado, ali o mosquito vai se multiplicar
	Aí já viu: o problema tá instalado
	No verão, aumentam os casos
	Os mais afetados são os favelados pretos é claro
	Lixo e esgoto a céu aberto é lamentável o descaso
	Só conscientizar, não vai mudar
	Mesma coisa que pegar o gelo e enxugar
	Investimento no saneamento tem que aumentar
	Mas não só onde a TV vai te mostrar
	E disso tudo de quem é a culpa?
	Só sei que o meu povo continua nessa luta
	É triste ver gente morrendo na fila do UPA
	Oswaldo Cruz deve tá se revirando na sepultura 
	Esse é o grito, é a revolta
	Não vou dar meia volta 
	A garganta hoje solta. Minha voz, eu me insurgi 
	Verdade nos importa, por vezes desconforta, mas ainda liberta, não vou mais te iludir
	Eu vejo o Estado se ausentando
	Doenças se alastrando
	Salve, periferia, tamo sempre aqui lutando
	Tô sempre observando
	O caos se instaurando
	Esgoto a céu aberto, a dengue proliferando
	Como assim? Mas o que o governo irá fazer? Se esconder, se abster, você pode escolher
	É sempre assim o fim do quadro
	Tem enquadro, e o zika vírus deixando mais um debilitado
	Retrato do real e do invisível
	Minha rima denuncia o que pra mim é inadmissível 
	Racismo ambiental, não é coisa nova e tal
	Acontece com apoio governamental
	Não se esquece, o serviço básico encarece
	Da nossa parte é a saúde que sempre enfraquece
	Pro povo é mó estresse, tem uns que enlouquece
	Voraz é esse sistema de capitais 
	Esse país daqui é difícil, mas como reciclar velhos costumes?
	Mó cheiro de valão, misturado com algum estrume
	Acho que tá faltando saneamento mental
	Pra colocar em prática educação ambiental
	Geração afetada com a microcefalia
	Fila do hospital lotada, morre alguém todo dia 
	Acolhimento faltava, médico negligencia
	A dengue mata e descarta um pobre da periferia
	Vishh, dia de chuva, esgoto sobe
	Aedes faz a festa em poça que não se move
	Sintomas ‘chega’ com a doença e você nem descobre
	E, no final das contas, é sempre meu povo que sofre
	Corre do mosquito pra ver se muda o foco
	Preocupado com a saúde: é com isso que eu me importo
	Cada vida é importante, tô pronto para o combate
	O mundo gira bem melhor se cada um fizer sua parte
Publicado em 17/7/2019
				
						
						
						
						
						

