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Informativo do Núcleo de Estudos da Divulgação Científica/Museu da Vida Ano XIV n. 225 RJ, 28 de fevereiro de 2017

Neste informe:

1. A pós-verdade e a divulgação científica
2. Marchar ou não marchar, eis a questão
3. Controvérsias científicas em museus
4. Estímulo à criatividade 
5. Ciência de cabeceira 
6. Ciência com cerveja
7. Perspectivas da ciência e da divulgação científica no Brasil
8. Prêmio José Reis recebe inscrições de jornalistas
9. Bolsas para conferência de jornalismo científico
10. Apoio ao bom jornalismo de ciência
 
 
1. A pós-verdade e a divulgação científica – O debate sobre a era da “pós-verdade”, em que a verdade, na verdade, não importa, chegou forte às esferas da divulgação científica, propagando-se em diversos espaços virtuais. Em artigo publicado na última edição da revista Spokes (<https://goo.gl/wkEKYy>), por exemplo, editada pela rede Ecsite, António Gomes da Costa, consultor na área em Portugal, reconhecendo o preocupante cenário, chama os divulgadores da ciência para ação. Para ele, é preciso trabalhar um outro olhar sobre a ciência: “devemos transmitir claramente a mensagem de que a ciência e a evidência científica não validam, por si só, qualquer decisão, opção, política ou padrão moral”. Costa chama atenção para o fato de que muitas pessoas não têm aversão à ciência de forma generalizada, mencionando como exemplo o grupo contrário à vacinação, que tende a ser bastante preocupado com o aquecimento global. A seu ver, esta e outras estratégias podem evitar uma reação exagerada de negação à ciência. Em matéria da University of Wisconsin-Madison publicada no site Phys.org (<https://goo.gl/zVmj6r>), a pesquisadora Dominique Brossard, especialista em divulgação científica e redes sociais, aproveita o momento para falar sobre o derramamento de notícias falsas na internet. Uma de suas reflexões passa pela relação entre fatos e crenças: “Não é que as pessoas não confiam na ciência, é que elas vão usar a ciência que se encaixa em suas crenças". Fato é que nós, divulgadores, não temos alternativa: precisaremos enfrentar mais este desafio.  
 
2. Marchar ou não marchar, eis a questão – Embora antiga, a discussão sobre se a ciência deve ou não se misturar à política ganha força neste momento em que os fatos científicos perdem peso, com Donald Trump à frente da maior potência científica do mundo. A questão continua dividindo mesmo aqueles que estão inequivocamente do lado da ciência. Diversas têm sido as reações à “Marcha pela Ciência”, marcada para ocorrer em Washington DC, em 22 de abril. Em texto publicado no New York Times (<https://www.nytimes.com/2017/01/31/opinion/a-scientists-march-on-washington-is-a-bad-idea.html>), Robert S. Young, pesquisador da Western Carolina University, opina que a manifestação é uma péssima ideia, pois reforçaria o argumento de conservadores com ideias anticientíficas de que cientistas têm interesses e agenda política. Muitos cientistas, porém, saíram em defesa da marcha e têm ressaltado a importância de deixarem momentaneamente seus laboratórios e lutarem pelo que acreditam ser correto e justo. Em texto publicado na revista The Scientists (<http://www.the-scientist.com/?articles.view/articleNo/48344/title/Opinion--Should-Scientists-Engage-in-Activism-/>), Adam Marcus e Ivan Oransky, ambos do Centro pela Integridade Científica, destacam a relevância do ativismo na ciência, lembrando casos em que a intervenção de cientistas na política foram de extrema valia para a sociedade. Ainda sobre o tema, leia o texto “Will a march help Science”, publicado também na The Scientist: <http://www.the-scientist.com/?articles.view/articleNo/48295/title/Will-a-March-Help-Science-/>.
 
3. Controvérsias científicas em museus - Abordar temas polêmicos tem sido apontado como um caminho interessante para os museus de ciência promoverem o necessário debate crítico sobre a ciência e a tecnologia no mundo contemporâneo. No entanto, pesquisa recente sugere que, na prática, ainda há dificuldades para fazê-lo. Em artigo publicado no Boletim Gepem, Djana Contier e Martha Marandino apresentam reflexões de educadores e estagiários do Museu de Microbiologia do Instituto Butantan que participaram de curso de formação na instituição. Apesar de compreenderem a importância de se trabalhar temáticas controversas em museus, os participantes revelaram que nem sempre se sentem seguros nem preparados para tal. Questões relacionadas ao posicionamento pessoal e institucional, falta de informação e argumentos para discutir com o público, além de receio de esbarrar em aspectos de cunho moral ou religioso, foram algumas das dificuldades por eles apontadas. Os autores defendem, portanto, que esse tipo de mediação necessita de um processo contínuo de formação e de uma reflexão constante sobre a prática. Ainda sobre museus de ciências, a edição corrente do periódico - cujo tema central é “Educação, Divulgação e Cultura Científica e Tecnológica” - traz também artigo de Dora Soraia Kindel com propostas de atividades de matemática que podem ser desenvolvidas a partir de visitas a espaços de ciências. O Boletim Gepem pode ser acessado gratuitamente em: <http://www.ufrrj.br/SEER/index.php?journal=gepem&page=issue&op=view&path[]=199>
 
4. Estímulo à criatividade – Uma casa na árvore, uma estação com instrumentos musicais, jogos, escorregas... Estas são algumas das atrações do recém-inaugurado Museu da Imaginação, localizado no bairro da Lapa, em São Paulo. O espaço, mantido pela iniciativa privada, é voltado especialmente ao público infantil. Nesse sentido, chama a atenção a cenografia, o design e as instalações de cada uma das atrações, com marcante presença de figuras geométricas, cores fortes e outros estímulos sensoriais. A proposta é oferecer a crianças e pais uma oportunidade diferenciada de explorar a criatividade. As visitas – mediadas – duram cerca de três horas e devem ser agendadas com antecedência para os horários disponíveis – 10h ou 14h. O valor da entrada é salgado: R$ 50 para adultos acompanhados de crianças e maiores de 13 anos, sendo este o preço promocional, por tempo indeterminado. O preço cheio é R$ 160 e R$ 80 a meia (crianças de 3 a 12 anos). Crianças de até 2 anos não pagam. O espaço, que declara ter acessibilidade total, conta com estacionamento (pago), lanchonete e outras facilidades. Para mais informações, acesse <http://museudaimaginacao.com.br/>.
 
5. Ciência de cabeceira – Há quem diga que a ciência está pouco presente na literatura. Pode até ser. Mas o que não falta são bons livros de ciência. Quer dicas? Confira a lista da jornalista Maria Popova elencando os melhores livros de ciência de 2016, publicada no site Brain Pickings. Liderando o ranking está Black Hole Blues, da física e escritora Janna Levin, lançado no Brasil pela Companhia das Letras como A música do universo. O livro conta a história do consórcio internacional que confirmou o fenômeno das ondas gravitacionais, feito que contou com a contribuição de cientistas de vários países, inclusive do Brasil. Na listagem, três livros sobre vida e obra de mulheres cientistas também ganham destaque, entre eles Women in Science – 50 fearless pioneers who changed the world, de Rachel Ignotofsky (ainda sem versão em português), que detalha a pesquisa de diversas mulheres nas áreas de tecnologia, engenharia e matemática. O Brain Pickings, reconhecido por reunir pensamentos de diferentes autores em temas de ciência, literatura, arte, psicologia, entre outros campos, ranqueia os melhores livros de ciência anualmente desde 2011. Para conferir a lista completa de 2016, acesse <https://www.brainpickings.org/2016/12/07/best-science-books-2016/>. Boa leitura!
 
6. Ciência com cerveja – Acontece de 15 a 17 de maio a terceira edição do “Pint of Science” no Brasil. Após o grande sucesso da edição de 2016 – no Rio, houve lotação máxima em quase todas as atividades –, o evento ampliou este ano com a participação de 22 cidades brasileiras, incluindo bares de Norte a Sul do país. Estimular cientistas a discutir suas pesquisas e descobertas com o público em um ambiente descontraído é a proposta de Pint of Science. Idealizado pelos pesquisadores Michael Motskin e Praveen Paul, o evento tornou-se internacional em poucos anos desde a sua primeira edição em 2013, na Inglaterra. Em 2017, além do Brasil, Alemanha, Austrália, Áustria, Canadá, Espanha, França, Irlanda, Itália e Reino Unido também brindarão à ciência simultaneamente, com atividades em mais de 100 cidades. O evento, organizado e realizado por voluntários, é gratuito. A programação completa das atividades no Brasil estará disponível a partir de 27 de março no site <http://pintofscience.com.br>. Tim tim!
 
7. Perspectivas da ciência e da divulgação científica no Brasil – Com a ideia de debater o panorama atual da ciência e da divulgação científica no país, trazer reflexões sobre políticas públicas e desafios para as futuras ações em ambos os campos, a abertura do ano letivo do Curso de Especialização em Divulgação e Popularização da Ciência da Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz) contará com palestras dos físicos Douglas Falcão e Luiz Davidovich. Falcão é pesquisador do Museu de Astronomia e Ciências Afins (Mast) e ex-diretor do Departamento de Popularização e Difusão de Ciência e Tecnologia do extinto Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. Davidovich é professor titular da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e atual presidente da Academia Brasileira de Ciências. O curso de especialização é promovido pelo Museu da Vida/COC/Fiocruz, em parceria com Mast, Fundação CECIERJ, Casa da Ciência/UFRJ e Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Aberto ao público geral, o evento será realizado de 9h30 às 12h, no dia 27 de março, na Tenda da Ciência, do Museu da Vida, no campus da Fiocruz. Endereço: Av. Brasil, 4365, Manguinhos, Rio de Janeiro. Mais informações: <Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.>.
 
8. Prêmio José Reis recebe inscrições de jornalistas – A cada ano, o Prêmio José Reis de Divulgação Científica e Tecnológica reconhece um profissional ou instituição com relevante contribuição para a divulgação científica no Brasil. Nesta 37ª edição, a categoria a ser premiada é a de “Jornalista em ciência e tecnologia” e as inscrições vão até 17 de abril. Para concorrer, é necessário enviar ao CNPq, via correio, a ficha de inscrição preenchida, cópia do registro de jornalista, currículo atualizado em 2017 na plataforma Lattes, justificativa que evidencie a contribuição do candidato para a divulgação da ciência e tecnologia no país e apresentação dos trabalhos mais relevantes. O prêmio concede R$ 20 mil ao vencedor, diploma e participação na Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, que este ano será realizada em Belo Horizonte (MG). O resultado será divulgado até 31 de maio no site oficial da premiação. Acesso à ficha de inscrição e demais informações pelo site do prêmio: <http://www.premiojosereis.cnpq.br/web/pjr/>.
 
9. Bolsas para conferência de jornalismo científico – Se você é – ou que ser – jornalista de ciência, um dos melhores lugares para estar no fim de outubro deste ano é em São Francisco, Califórnia (EUA), onde vai acontecer a décima conferência mundial de profissionais da área. Para estimular a participação de representantes de diversos países, especialmente de nações em desenvolvimento, a organização da conferência está oferecendo bolsas para jornalistas e estudantes. Em ambas as categorias, os contemplados recebem recursos para a compra de passagem aérea, acomodação durante os dias do evento, transporte terrestre, refeições, inscrições e eventuais gastos adicionais. Em contrapartida, tanto jornalistas quanto estudantes deverão escrever textos relacionados à conferência, sendo que os estudantes contarão com a ajuda de jornalistas voluntários para elaboração e edição de seus textos. A WCSJ2017 acontecerá de 26 a 30 de outubro, e o prazo para submissão às bolsas é 15 de março. Para mais informações e submissões, acesse <http://wcsj2017.org/about/fellowships>.      
 
10. Apoio ao bom jornalismo de ciência - Lançado em março de 2016, o site de jornalismo científico Direto da Ciência, editado por Maurício Tuffani, está fazendo uma campanha para captação de recursos por meio de assinaturas e doações. O site cobre assuntos de ciência, meio ambiente e ensino superior, com foco em informações de interesse público – que não são públicas; aspectos políticos, conflitos e bastidores; temas pouco abordados pelos meios de comunicação; e perspectivas geralmente não consideradas pela imprensa. Como diz o editor em sua mensagem, "conteúdo exclusivo e de alta qualidade não exige só competência, mas também investimento para ser produzido”. Os interessados podem ler o texto completo de Tuffani e dar sua contribuição pelo link <http://www.diretodaciencia.com/2017/02/07/apoie-o-jornalismo-critico-e-independente-em-ciencia-ambiente-e-ensino-superior-2/>.


 
Ciência & Sociedade é o informativo eletrônico do Núcleo de Estudos da Divulgação Científica do Museu da Vida (Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz). Editores de Ciência & Sociedade: Luisa Massarani, Marina Ramalho e Carla Almeida. Redatores: Luís Amorim, Renata Fontanetto e Rosicler Neves. Projeto gráfico: Luis Cláudio Calvert. Informações, sugestões, comentários, críticas etc. são bem-vindos pelo endereço eletrônico <Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.>. Se você não quer mais receber Ciência & Sociedade, envie um e-mail para <Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.>. A coleção completa de Ciência & Sociedade está disponível em <http://www.museudavida.fiocruz.br/cs-l>.
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