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Informativo do Núcleo de Estudos da Divulgação Científica/Museu da Vida Ano XIV n. 233 RJ, 31 de outubro de 2017


Neste informe:

1. Um olhar histórico sobre a biologia nas páginas dos jornais
2. A controvérsia dos emagrecedores na mídia
3. Médicos versus leigos: o que é considerado “normal” entre os gêneros
4. Por uma estratégia digital para museus de ciência
5. O uso de tecnologias digitais em projetos de ciência cidadã
6. A luta continua
7. Os públicos dos museus e centros de ciência
8. A ética em divulgação científica na era da pós-verdade
9. Inclusão e mediação em debate
10. Cursos on-line em comunicação pública da ciência

1. Um olhar histórico sobre a biologia nas páginas dos jornais – Figurinha fácil nas matérias de ciência dos jornais da atualidade, o campo da biologia passou a ter presença expressiva nos diários brasileiros a partir da década de 1870, quando o darwinismo começou a penetrar nas discussões científicas do país. De lá pra cá, a presença da biologia cresceu gradativamente nos informativos impressos e o foco da cobertura variou, como mostra o artigo “A biologia nos periódicos brasileiros: um olhar histórico”, publicado na última edição da Revista de Ensino de Biologia da SBEnBio. Os autores oferecem um panorama da cobertura sobre biologia de 1850 a 1980, com uma análise mais aprofundada de três jornais cariocas em períodos distintos: O Globo (em 1870), O Paiz (em 1900) e Jornal do Brasil (em 1930). O estudo mostra que, no primeiro momento analisado, a biologia é apresentada como uma nova ciência, imersa em discussões que refletiam o contexto social e político da época. Na década de 1900, além desses aspectos, ficou mais evidente o perfil de uma biologia aplicada. Já nos anos de 1930, a cobertura expôs a biologia ainda mais associada à vida cotidiana, incorporada aos diferentes níveis de ensino público, aos laboratórios e institutos de pesquisa. Acesse o artigo gratuitamente em: <http://www.sbenbio.org.br/revista/index.php/sbenbio/article/view/68/12>

2. A controvérsia dos emagrecedores na mídia - Estudo publicado na última edição da Revista Eletrônica de Comunicação, Informação & Inovação em Saúde (Reciis) debate o discurso do risco na controvérsia dos emagrecedores, a partir de uma análise de 25 notícias publicadas nos anos de 2011, quando a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) cancelou o registro dos três emagrecedores à base de anfetamina (anfepramona, femproporex, mazindol), e 2014, quando esta decisão foi revogada pelo Congresso Nacional, que autorizou a volta ao mercado brasileiro dos anorexígenos derivados da anfetamina. Com base na semiologia dos discursos sociais, a análise mostrou que o discurso do risco, embora presente na maioria dos textos, foi minimizado pela cobertura política que privilegia os conflitos de interesses, os embates travados com a autoridade sanitária e as contradições do processo. A mesma edição traz ainda outro artigo analisando a realização de cursos para o desenvolvimento da habilidade na escrita e a produção científica. A revista pode ser acessada gratuitamente pelo link: <https://www.reciis.icict.fiocruz.br/index.php/reciis/issue/view/80>

3. Médicos versus leigos: o que é considerado “normal” entre os gêneros – Não são de hoje os questionamentos sobre os papeis “ideais” de homens e mulheres na sociedade. Nas décadas de 1930 e 1940, por exemplo, o campo da medicina buscou estabelecer normas para regular as relações sociais, com o objetivo de evitar o adoecimento da população – ao seguir as regras do que é considerado “normal”, a saúde física e mental dos brasileiros estariam garantidas. Entretanto, o que o público leigo entendia por “normalidade” e “patologia” não necessariamente correspondia ao discurso médico, como mostra o estudo “Uma leitura de gênero: representações de normalidade na revista Vamos Ler!,”, publicado como nota de pesquisa na última edição de História, Ciência e Saúde – Manguinhos. A autora analisou 1.235 textos de seções da revista (publicada entre 1936 e 1948) com participação dos leitores. Segundo o estudo, “para os leigos, a normalidade se apresentava de forma plural, mais articulada a práticas reais e cotidianas dos sujeitos do que apoiada em ideais universais”. O discurso médico era apenas uma entre outras referências que compunham as representações de mulher e homens normais. Leia o texto gratuitamente em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-59702017000300827&lng=pt&tlng=pt>.

4. Por uma estratégia digital para museus de ciência – A definição do que é digital não é trivial. Como aponta texto publicado na última edição do boletim Spokes, editado pela Rede Europeia de Centros e Museus de Ciência (Ecsite), digital pode tratar de conteúdo, dados, experiências, plataformas, infraestruturas, ferramentas ou mesmo processos. Pensar numa estratégia digital organizacional, que pode tocar em tantos diferentes pontos, também não é simples. Talvez esta dificuldade explique o que notou a museóloga Anne Prugnon, de que muitos museus ou centros de ciência não têm uma estratégia sobre o tema. Mas, como ela defende, as tecnologias digitais trazem novas formas de engajamento e, se os museus querem responder às expectativas de seus visitantes, é preciso dedicar atenção e esforços para pensar o digital. Mas como não existe uma receita para todas as instituições, já que os objetivos podem ser diferentes – como aumentar o acesso ao conteúdo, criar novas formas de interpretação, fidelizar o público ou aumentar a receita de recursos –, a Spokes traz relatos de experiência de quatro profissionais, três do Reino Unido e um da Austrália. Um dos relatos, feito pela australiana Wendy Pryor, que inclusive deu título à matéria do boletim, é um ponto de partida para pensar a questão: “Meu principal aprendizado foi que nossa organização nunca será transformada digitalmente. Mas sempre estaremos nos transformando digitalmente. O que quer que decidamos fazer será aprimorado ou facilitado pelo digital. Digital não será um fim em si, mas o nosso melhor modo de alcançar o que queremos”. A edição de outubro da Spokes pode ser lida gratuitamente, em inglês, no link: http://www.ecsite.eu/activities-and-services/news-and-publications/digital-spokes/issue-34

5. O uso de tecnologias digitais em projetos de ciência cidadã – Cada vez mais em voga, projetos de ciência cidadã têm despertado reflexões sobre sua legitimidade, eficiência e o comprometimento dos voluntários envolvidos. Nesse debate, alguns aspectos têm sido negligenciados: como os cidadãos interagem com as tecnologias digitais utilizadas em tais projetos, o que esperam delas e se tais tecnologias são bem-sucedidas ou não. De olho nessa lacuna, a revista Journal of Science Communication lançou uma chamada de artigos para a edição especial “User Experience of Digital Technologies in Citizen Science”. Os editores querem ir além de questões de usabilidade e discutir também aspectos sociais e afetivos proporcionados pelas ferramentas digitais: elas são capazes de proporcionar diversão, sociabilidade, respostas emocionais? O prazo de submissão de resumos (com até 300 palavras) termina em 10 de janeiro de 2018. Os artigos completos (de 5 mil a 7 mil palavras) devem ser enviados até 15 de março. Confira mais detalhes sobre os temas e formatos desejados em: <https://jcom.sissa.it/call-papers-0>.

6. A luta continua – Diante dos sucessivos cortes orçamentários que vem sofrendo o Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, cientistas brasileiros têm se mobilizado para lutar contra essa realidade e engajar mais simpatizantes para a causa. Exemplo disso são as Marchas pela Ciência, que já contaram com três edições esse ano. A última estratégia nesse sentido foi o lançamento de um vídeo em que cientistas e estudantes falam dos problemas gerados pelos cortes e lançam o pedido: “Compartilhe essa mensagem -- ciência não é gasto, é investimento”, como forma de pressionar o Governo, cuja proposta é reduzir ainda mais, em 2018, o já deficitário orçamento de 2017. Assista o vídeo em: <https://www.youtube.com/watch?v=mjE_GKVI6Eg>. Tática similar foi usada pelos hermanos argentinos, que vivem situação parecida com o atual desmantelamento do Ministerio de Ciencia, Técnica e Innovación Productiva. Nossos vizinhos, no entanto, usaram o humor, numa paródia da música “Despacito”, sucesso na Argentina e também no Brasil. Confira em: <https://www.youtube.com/watch?v=8wjNvw0zYXA>.

7. Os públicos dos museus e centros de ciência – Com o objetivo de refletir sobre o papel atual dos museus, a democratização do acesso a tais instituições e a apropriação plural da cultura científica pela sociedade, será realizado em 6 de novembro, no auditório do Museu da Vida, o seminário "Os públicos dos museus e centros de ciência, indicadores e percepções da cultura científica". O evento é promovido pela rede de instituições do Observatório de Museus e Centros de Ciência e Tecnologia (OMCC&T). Pela manhã, está programada a mesa-redonda “Pesquisa sobre Percepção Pública da Ciência e Letramento Científico” e o painel “Apresentação da Pesquisa Longitudinal Perfil-Opinião de Museus e Centros de Ciência da Cidade do Rio de Janeiro (2005, 2009 e 2013)”. À tarde está programada a mesa-redonda “Produção de indicadores culturais e de dados sociodemográficos para o campo dos museus”. O evento é gratuito, sem necessidade de inscrição prévia. O Museu da Vida fica na Av. Brasil, 4365, Manguinhos, Rio de Janeiro. Veja a programação completa em: <http://www.museudavida.fiocruz.br/index.php/noticias/53-pesquisa/852-evento-debate-publicos-em-museus-de-ciencia>

8. A ética em divulgação científica na era da pós-verdade – Na era das fake news, o debate em torno do exercício da ética profissional se torna ainda mais relevante para jornalistas e divulgadores científicos. Organizações de pesquisa não podem ficar de fora dessa reflexão. Por isso, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e a Universidade de Campinas (Unicamp) realizam o 4º Encontro Mídia e Pesquisa, com o tema “Ética em divulgação científica na era da pós-verdade”, no dia 14 de novembro, das 9h às 15h30, no Centro de Convenções da Unicamp. O objetivo é discutir o papel do jornalismo e da divulgação científica na era da pós-verdade, ressaltando a importância da ética para as organizações de pesquisa. Cientistas, professores e jornalistas compõem três painéis: “Ética e pós-verdade”, “Credibilidade e fontes confiáveis de informação científica”, e “Novas plataformas tecnológicas em divulgação científica e jornalismo de dados”. As inscrições são gratuitas e devem ser feitas em: <http://www.cnpma.embrapa.br/sac/preInscrEvento.php?oper=I&id=2838&id_hp=1234>. Serão oferecidas 200 vagas. O Centro de Convenções da Unicamp fica na Avenida Érico Veríssimo, 300, Barão Geraldo, Campinas, SP. Veja a programação completa em: <https://www.embrapa.br/meio-ambiente/cursos>.

9. Inclusão e mediação em debate – No dia 1 de dezembro, das 14h às 20h, será realizada a I Mostra de Práticas de Inclusão e Mediação, promovida pela Faculdade de Educação da Baixada Fluminense da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. O objetivo do encontro, que é gratuito, é servir como espaço de troca de experiências entre educadores e profissionais que têm enfrentado o desafio da mediação e inclusão no cotidiano de suas práticas. A atividade faz parte do projeto de extensão Encontros com Educadores na Baixada Fluminense: Diálogos a respeito da inclusão e mediação. A inscrição de trabalhos para a mostra pode ser feita até 09 de novembro. Entre os eixos para a inscrição estão “Mediação e Inclusão em Espaços não Escolares e Acessibilidade Cultural”, “Educação Especial e Inclusiva”, “Relações de Gênero e Diversidade Sexual” e “Mediações Linguísticas e Culturais”. Mais informações em: <https://www.facebook.com/events/1647541111983191/> e inscrições pelo link: <https://goo.gl/forms/aH7juOifMyaplOlG3>

10. Cursos on-line em comunicação pública da ciência – A University of the West of England (Reino Unido) está oferecendo dois cursos on-line em divulgação científica. “Science Communication: Connecting People and Creating Events” será realizado de 15 de janeiro a 25 de março de 2018 e é direcionado a pessoas com atuação recente no campo da divulgação científica (DC). O programa cobre tópicos como planejamento de projetos, desenho de atividades, avaliação, habilidades de mediação, compreensão das audiências, entre outros. Já de 23 de abril a 1º de julho de 2018, acontece o curso “Science Communication: Online and Media Writing”, cujo objetivo é aprimorar nos participantes as habilidades de escrever sobre ciência para o público amplo, desde a identificação de temas a sua transformação em textos atraentes, com maior ênfase no formato on-line. As inscrições já estão abertas, cada curso custa 750 libras. Ao se inscrever nos dois programas, o valor total sai por 1350 libras. Estudantes, desempregados ou pessoas com salários inferiores a 15 mil libras por ano podem pleitear desconto: cada curso, nesses casos, sai por 600 libras e, os dois, por 1080. Programas, inscrições e outras informações disponíveis em: <http://courses.uwe.ac.uk/Z51000096/science-communication-people-projects-events> e <http://courses.uwe.ac.uk/Z51000097/science-communication-online-and-media-writing>, ou pelo email: <Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.>.

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