Nove anos após a sua primeira edição, o Congresso Mundial de Centros de Ciência trouxe para o Brasil uma discussão de fundamental importância para museus e centros de ciência latino-americanos - inclusão social.
A popularização da ciência faz-se necessária e é cada vez mais estimulada por museus de todo o mundo, mas é na América Latina e em alguns países da Ásia e África que ela encontra os seus maiores obstáculos. Conheça a opinião da diretora executiva da Red-Pop - Rede de Popularização da Ciência e da Tecnologia na América Latina e Caribe -, Julia Tagüeña. A entrevista foi anterior ao evento.
Quais são os maiores desafios para a divulgação e educação científica?
J.T: A Red-Pop tem contribuído para formar uma cultura de divulgação científica na América Latina e Caribe desde os anos 90. Atualmente, são 150 membros em praticamente todos os países, compartilhando experiências, a fim de desenvolver a região. Os museus e centros de ciência da América Latina estão no mesmo nível dos outros do mundo. Nosso problema não é talento ou falta de criatividade, mas sim organização e justiça social. Temos muitas dificuldades de nos pormos de acordo no que fazer. Na América Latina, existe tanto o interesse, quanto a receptividade do público com relação à ciência. Aqui, o cientista tem até mais credibilidade e é mais respeitado do que na Europa. O Brasil ser sede de 4º Congresso vai nos dar a oportunidade de mostrar melhor o trabalho de nossa região.
Qual o papel dos Museus e Centros de Ciência com relação à educação em ciências?
J.T: Os museus são importantes, mas não substituem a escola ou o Estado. Museus e centros de ciências são locais aonde as pessoas vão voluntariamente e, portanto, atingem também o público de pessoas adultas, que não vão mais à escola. Os centros de ciência têm o papel de facilitador no processo da educação para a ciência, assim como as bibliotecas públicas, escolas, mídia e outras iniciativas. É importante também que os professores aproveitem os recursos fornecidos por museus e centros de ciência. O professor é um comunicador e educar é sempre comunicar, sendo necessário que se dê condições melhores de trabalho e capacitação profissional.
Como os cientistas podem atuar na divulgação da ciência?
J.T: É importante que as pessoas saiam do museu ou centro de ciência e continuem a pesquisar ou obter informações sobre assuntos ligados à ciência. Os centros de ciência ligados à Rede-POP, além de exercerem seu papel na educação não formal, publicam periódicos, a fim de formar uma cultura científica.
*Entrevista realizada por Cecília Cavalcanti, jornalista e mestranda em Educação, Gestão e Difusão em Biociências.
