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Capilares com imunizante contra varíola
Material: vidro, madeira e vacina
Fabricante: Instituto Oswaldo Cruz
Local: Belo Horizonte – MG
Dimensões: 11 x 1,5 cm

Esses vidros de calibre bastante fino, também conhecidos como capilares, testemunham uma das técnicas de aplicação da vacina contra a varíola, desenvolvida na primeira metade do século XX.

A varíola era uma doença infectocontagiosa causada por um vírus que se manifestava no organismo através de febre e dores no corpo. Além desses sintomas, a doença provocava erupções na pele, formando pústulas que geralmente deixavam muitas cicatrizes. Nos casos mais graves, a varíola provocava hemorragias na pele e nas mucosas, o que podia levar o paciente à morte.

A doença, que podia ser transmitida inclusive pelo ar, ocorria de duas formas. A varíola major – popularmente conhecida como bexiga – apresentava quadros clínicos mais graves e alto índice de mortalidade. A varíola minor – também chamada de alastrim – era mais benigna e vitimava menos de 1% dos atingidos.

A varíola foi declarada erradicada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 1980, após exitosas campanhas de vacinação realizadas em todos os continentes e conduzidas pelos governos locais e por organizações internacionais de saúde. Atualmente, exemplares do vírus são mantidos em laboratórios nos Estados Unidos e Rússia para garantir a possibilidade de estudos retrospectivos sobre a moléstia.

Métodos como escarificação, punção multiplica, injeção intradérmica e broca – rodar um tubo capilar cortado com a vacina sobre a pele – foram algumas das tentativas para introduzir o imunizante, que por vezes não “pegava”. O indício de que a aplicação tinha sido bem sucedida ocorria quando uma pústula dolorida e de cicatrização demorada se formava no local da aplicação. A dificuldade desse processo era uma das grandes resistências à vacinação.

Algumas tentativas de prevenção da varíola são conhecidas desde a Antiguidade. Mas a sistematização de um imunizante se deu apenas no final do século XVIII com o médico experimental inglês Eduard Jenner (1749-1823). Ele mesmo, antes de conhecer a existência dos microrganismos – tese desenvolvida pelo cientista Louis Pasteur com sua Teoria dos Germes no final do século XIX –, desenvolveu uma compreensão de imunização a partir do contato controlado com a doença.

Durante uma epidemia de varíola na Inglaterra, o médico observou que o gado também desenvolvia a doença, porém de uma forma mais branda que os humanos. A infecção dos animais era passada para as mãos e braços das pessoas que sobretudo trabalhavam na ordenha. Porém, essas pessoas não adoeciam com a forma mais grave da varíola.

Jenner propôs extrair o material infeccioso de uma vaca e inocular em pessoas sadias. Após alguns meses, introduziu as secreções das pústulas da varíola de indivíduos gravemente doentes nestas mesmas pessoas. Ao notar que os indivíduos que passaram por este teste não adoeciam, o médico submeteu seus resultados à Royal Society – academia de ciências responsável por reconhecer a excelência de pesquisas científicas e médicas.

Esta metodologia de prevenção da doença levou à prática da vacinação, que ficou conhecida também por jennerização. Esta técnica, com poucas modificações, foi utilizada durante décadas e tornou-se a base para a criação de diversos institutos vacínicos mundo afora.

A vacina antivariólica jenneriana passou a ser produzida no Brasil somente no final do século XIX, no Instituto Vacinogênico, fundado pelo Barão de Pedro Afonso. Na década de 1920, essa atividade foi transferida para o Instituto Oswaldo Cruz, em Manguinhos. Esta mudança, empreendida pelo então diretor do Departamento de Saúde Pública, Carlos Chagas, visava a ampliação da produção da vacina para sua utilização rotineira pelos serviços sanitários de outros estados.

Cartaz de campanha de vacinação contra a varíola nos anos 1950. Imagem: Wellcome Library, London
O imunizante produzido no Instituto Oswaldo Cruz, ou sob sua supervisão em laboratórios oficiais, em diferentes regiões do país, era colocado em capilares que continham duas doses da vacina. Essa técnica não mudou muito até a década de 1950, quando o Instituto passou a produzir a vacina liofilizada – que era mais estável por ser desidratada e mantida a vácuo – utilizando outras técnicas de aplicação.














Para saber mais:

MUSEU DA VIDA – Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz. Exposição Revolta da Vacina. Disponível em: http://www.ccms.saude.gov.br/revolta/paineis.html 

FERNANDES, Tânia Maria. Vacina antivariólica: ciência, técnica e o poder dos homens (1808-1920). Rio de Janeiro: Fiocruz, 1999.

GAZÊTA, Arlene Audi Brasil. Uma contribuição à história do combate à varíola no Brasil: do controle à erradicação. Tese apresentada ao curso de Pós-Graduação em História das Ciências e da Saúde da Fundação Oswaldo Cruz, como requisito para obtenção do grau de Doutor. Rio de Janeiro, dez., 2006.


Publicado em 29/06/2015
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