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Créditos: Luana Ferreira Nunes da Silva / Museu da Vida Fiocruz

No mês em que se celebra o Dia Mundial do Combate à Tuberculose (24/03), vamos conhecer um importante elemento que contribuiu para o avanço do tratamento da doença: a tuberculina.

 

O que é tuberculina?

A tuberculina é uma substância desenvolvida a partir da Mycobacterium tuberculosis, bactéria causadora da tuberculose. Como a bactéria é filtrada e esterilizada em laboratório não seria capaz de causar a doença. Essa substância foi desenvolvida em 1890 pelo cientista alemão Robert Koch.

Esta era uma época de crescentes pesquisas no campo da microbiologia. A teoria dos germes, formulada por Louis Pasteur nas últimas décadas do século 19, possibilitou novas formas de compreender as causas e os meios de transmissão das doenças. Formas de identificação e descrição dos agentes causadores das doenças foram incorporados aos estudos das doenças infecciosas mediante práticas de laboratório. Elas proporcionaram novos critérios para o diagnósticoe tratamento, como a terapêutica experimental.

O desenvolvimento da medicina experimental, derivado dos conhecimentos em fisiologia e bacteriologia, possibilitou a criação de diferentes tratamentos [IN1] que possibilitavam a eliminação dos agentes infecciosos do corpo da pessoa enferma. Entre esses novos tratamentos, estava a soroterapia, baseada na injeção de toxinasextraídas do soro sanguíneo de animais previamente imunizados.

Tudo isso foi fundamental também para o florescer de novas pesquisas e esforços científicos durante muitos anos. Foi neste contexto que Robert Koch desenvolveu a tuberculina, que, naquele momento, era considerado um remédio capaz de prevenir o desenvolvimento do bacilo tuberculoso.

 

Mycobacterium tuberculosis, ou bacilo de Koch. Créditos: Centers for Disease Control and Prevention's Public Health Image Library.


A tuberculina serve pra quê?

O ânimo com a descoberta da tuberculina enquanto remédio capaz de combater a tuberculose durou pouco. Com o avanço das pesquisas, foi constatado que a tuberculina não era um bom elemento terapêutico. Sua função mais eficaz era o uso como forma de diagnóstico. A tuberculina passou a ser utilizada para descobrir, tanto em humanos como em animais, se há presença do bacilo da tuberculose, ainda que não exista sinal clínico.

Daí em diante, uma série de remédios e soros foram utilizados para o tratamento da doença, mas nenhum deles chegou a ter um efeito realmente curativo até a chegada dos antibióticos. 

Hoje em dia, a tuberculina é utilizada como meio auxiliar no diagnóstico da tuberculose na chamada prova tuberculínica. Quando o resultado dá positivo, indica a presença de infecção, porém, não é suficiente para o diagnóstico completo da doença.

 

A prova tuberculínica é uma das formas de diagnosticar a presença da bactéria da tuberculose no organismo. O teste deve ser realizado entre 72 e 96 horas após a injeção de tuberculina. Deve-se medir apenas o nódulo (pápula) com uma régua milimétrica, no sentido transversal em relação ao maior eixo do braço. É considerado infectado o paciente que tiver o nódulo igual ou superior a 5 mm. Créditos: Greg Knobloch

 

Instituto Bacteriológico da Argentina

Este exemplar de tuberculina que faz parte do acervo do Museu da Vida Fiocruzfoi produzido entre as décadas de 1920 e 1940 pelo Instituto Bacteriológico da Argentina. O então nascente campo da microbiologia, promovido pelas instituições europeias, teve rápida circulação internacional. Muitos países da América Latina criaram, ao longo das primeiras décadas do século 20, institutos de pesquisa na área, com produção de soros e outros produtos terapêuticos de origem biológica.

 

Fachada principal Instituto Bacteriológico da Argentina, atual Administração Nacional de Laboratórios e Institutos de Saúde. Créditos: Archivo General de la Nación Argentina.

 

O Instituto Bacteriológico foi criado em 1916 com a missão de criar marcos institucionais para a política sanitária da Argentina, através da produção tanto de conhecimento científico quanto de produtos terapêuticos, como soros e vacinas. Durante suas primeiras décadas de funcionamento, dedicou-se a trabalhos ligados a pesquisas sobre doenças endêmicas, diferentes formas de intervenção sanitária no país eprodução de produtos terapêuticos e preventivos. Dentre seus principais produtos, além da tuberculina, estavam os soros antidifitérico, a vacina antitífica e a vacina antipestosa.

 

Produtos desenvolvidos pelo Instituto Bacteriológico da Argentina. Créditos: Biblioteca de La Facultad de Medicina.

 

Ligado ao Departamento Nacional de Higiene da Argentina, o Instituto tinha como uma das principais atribuições promover estudos experimentais e fornecimento desoros e vacinas para os hospitais do país. O Instituto Bacteriológico atuou nas emergências sanitárias do início do século, como epidemias de cólera, peste bubônica e malária. Também, concentrou esforçosno enfrentamento de problemas vinculados à produção animal, como febre aftosa e peste da manqueira.

 

Informações técnicas do objeto:
Materiais: vidro, papel, imunobiológico
Dimensões: 6,4 x 1,3cm
Fabricante: Instituto Nacional de Bacteriologia
Origem: Argentina
Data: [1916-1945]
Procedência: Instituto Oswaldo Cruz

 

Fontes:
BENCHIMOL, Jaime Larry. Manguinhos do sonho à vida: a ciência na Belle Époque. Rio de Janeiro. Casa de Oswaldo Cruz. 1990.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis. Técnicas de aplicação e leitura da prova tuberculínica / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde,Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis. – Brasília: Ministério da Saúde, 2014.

CARBONELL, Manuel V. Contribuiciónal estudio de la epidemiologia de La tuberculosis em la República Argentina. Revista del Instituto Bacteriológico. Departamento Nacional de Higiene, vol. 2, núm. 5, mayo de 1920. Disponível em: https://books.google.com.br/books?id=zEY4AQAAMAAJ&printsec=frontcover&hl=pt-BR&source=gbs_ge_summary_r&cad=0#v=onepage&q=tuberculina&f=false

HURTADO, Ronny J. Viales; SÁNCHEZ, César Rodríguez. Historia de lamicrobiologíaen contexto global. Estudios de caso de Costa Rica, Argentina y España. San José: Universidad de Costa Rica, Centro de Investigaciones Históricas de América Central, 2021.

 

Créditos:
Objeto em Foco é um produto de divulgação do acervo museológico sob a coordenação de Inês Santos Nogueira e Pedro Paulo Soares

Serviço de Museologia - Museu da Vida Fiocruz

Publicado em 27 de março de 2023. 

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