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Informativo do Núcleo de Estudos da Divulgação Científica do Museu da Vida       
Ano XXII - nº. 299. RJ, 9 de junho de 2023.      

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Celebra-se no dia cinco de junho o Dia Mundial do Meio Ambiente. Mas, ao menos no Brasil, não há nenhum motivo para comemoração na esfera ambiental; pelo contrário. Vemos com preocupação o enfraquecimento do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, com a transferência de órgãos para outras pastas, e a aprovação na Câmara dos Deputados do Marco Temporal, projeto de lei – “ignorante e desonesto”, como bem colocou o colega Reinaldo José Lopes em sua coluna na Folha de S.Paulo – que estabelece o ano de 1988 para demarcação de terras indígenas. Nesse sentido, saudamos iniciativas como a Olimpíada Brasileira de Saúde e Meio Ambiente (OBSMA), promovida pela Fiocruz. Em sua 12ª edição, a OBSMA estimula estudantes e professores a desenvolver ações e projetos educativos que relacionem saúde, meio ambiente e sustentabilidade por meio do trabalho coletivo. É fundamental engajar cidadãos no tema desde cedo, para que estejam mais preparados para lutar contra medidas atrozes como essa. Para saber mais sobre a olimpíada, leia a nota “Fiocruz lança 12ª OBSMA”. Enquanto importantes representantes do mundo da tecnologia alertam sobre o possível risco de extinção da humanidade pela inteligência artificial (IA) – em carta publicada pelo Centro de Segurança de Inteligência Artificial –, Mike S. Schäfer reflete sobre as implicações da IA generativa – o ChatGPT é uma delas – para a divulgação científica – leia mais na nota “ChatGPT e a divulgação científica”. Ainda nesta edição de Ciência & Sociedade – que chega ao número 300!! –, recomendamos a leitura do especial da JCOM América Latina sobre desinformação, com uma série de artigos sobre o tema, que também estará no centro das discussões do colóquio Scientific Disinformation: A Transnational Public Problem, que acontecerá de 28/2 a 1/3 de 2024 no Quebec, Canadá e está nos últimos dias de recebimento de proposta – confira mais abaixo. Divulgamos ainda neste número consulta pública sobre educação midiática, bolsas e prêmio para jornalistas de ciência, entre outras leituras, ações, eventos e oportunidades. Boa leitura! 

 

Especial Desinformação
Desinformação e divulgação da ciência na América Latina – A desinformação científica tem sido considerada por organismos internacionais uma das grandes preocupações da atualidade. Embora não seja um fenômeno novo, a circulação de informação duvidosa ganhou força a partir da década de 2010 e foi potencializada com a pandemia de Covid-19. Não à toa, a publicação de artigos sobre desinformação no campo da divulgação científica deu um salto a partir de 2020, como mostra o estudo “Pesquisa em desinformação e divulgação científica: uma revisão da literatura latino-americana”, que abre a edição corrente do periódico JCOM América Latina. Os autores fizeram um levantamento de artigos sobre o tema nas bases Scopus, Web of Science, Dimensions e Scielo, identificando 142 itens. Destes, 35,2% abordam estudos de redes sociais digitais e 33,1%, estudos de mídia informativa. A desinformação relacionada à pandemia é tratada em 69% dos artigos e o Brasil é o principal palco das análises, presente em 65,5% dos trabalhos. Dedicada inteiramente ao tema “Desinformação e divulgação da ciência e da saúde na América Latina”, a edição conta com outros seis artigos e um ensaio, que tratam de objetos de estudo variados como podcast, Twitter, TikTok, jornais impressos e estratégias de comunicação organizacional em universidades públicas, com autores do Brasil, México e Equador. A publicação busca estimular a troca de informações e possíveis colaborações sobre o tema entre pesquisadores do continente. Os textos estão disponíveis em português ou espanhol.

 

Leituras
ChatGPT e a divulgação científica – Apesar do boom de ferramentas de inteligência artificial generativas – aquelas capazes de gerar texto, imagens ou outras mídias em resposta a solicitações – e de todo o debate que o seu desenvolvimento vem gerando, ainda há poucas reflexões e raras pesquisas relacionando-as à divulgação científica. E certamente não é porque essas ferramentas impactarão menos o nosso campo. Sistemas como o ChatGPT irão afetar de várias formas a prática e a pesquisa em divulgação científica e, na direção inversa, a divulgação científica também deve desempenhar papel importante no desenvolvimento dessa tecnologia. É o que defende Mike S. Schäfer, professor de divulgação científica na Universidade de Zurique (Suíça), em ensaio sobre o tema – “The Notorious GPT: science communication in the age of artificial intelligence” – publicado em maio na revista JCOM. No texto, ele discute os riscos e benefícios que a tecnologia pode representar para a divulgação científica e propõe uma agenda de pesquisa sobre o tema para o campo, com estudos que analisem a divulgação científica “sobre” inteligência artificial, bem como a divulgação científica “com” inteligência artificial. Leia o artigo completo, em inglês.  

Abraçando o lado humano da ciência – “Os cientistas devem abraçar sua humanidade em vez de fingir que são um bando de autômatos que instantaneamente chegam a conclusões perfeitamente objetivas”, defende H. Holden Thorp, editor-chefe da Science, em editorial publicado este mês na revista. No momento em que a comunidade científica e simpatizantes levantam bandeiras defendendo a confiança na ciência, Thorp reforça a importância de se divulgá-la como um processo social contínuo, que ocorre com a contribuição de muitas mentes. Essas mentes, por sua vez, são de cientistas magnificamente humanos, com todos os defeitos e virtudes que os humanos possuem e cada um com sua história de vida. “Isso significa que quem são esses indivíduos e os antecedentes que eles trazem para seu trabalho têm uma influência profunda na qualidade do resultado final”, afirma Thorp. Para ele, os cientistas não deveriam ter medo de reconhecer sua humanidade, mesmo que isso possa enfraquecer a ciência aos olhos do público. Por outro lado, devem – e isso serve também para os divulgadores – fazer o trabalho árduo de explicar como o consenso científico é alcançado e que, no longo prazo, os erros humanos tendem a ser corrigidos. Leia o editorial na íntegra, em inglês.

Para além da ciência aberta – O pesquisador britânico Richard Holliman, da Open University, é uma ótima referência para se pensar sobre novos formatos do que aqui chamamos genericamente de divulgação científica. Em texto recém-publicado, "From open research towards open (and engaging) research communication", ele discute possíveis impactos da ciência aberta, mas vai além na defesa de uma real participação da sociedade no desenvolvimento da ciência, inclusive de grupos que experimentaram formas históricas e contemporâneas de discriminação e desvantagem. Para Holliman, a comunicação e o engajamento precisam ser reconhecidos como componentes centrais da pesquisa. O pesquisador defende ainda que conceituar a pesquisa como aberta e que verdadeiramente busque o engajamento envolve uma conceituação mais ampla de compartilhamento efetivo de novos insights e benefícios. O texto está disponível aqui, em inglês.

 

Ações
Fiocruz lança 12ª OBSMA – A 12ª edição da Olimpíada Brasileira de Saúde e Meio Ambiente (OBSMA) deu início aos trabalhos no Dia Mundial do Meio Ambiente, celebrado em 5/6, com uma troca de vivências relacionadas à preservação da Amazônia entre profissionais, estudantes e professores. Promovida pela Fiocruz em todo o país, a OBSMA busca estimular o desenvolvimento de ações e/ou projetos educativos sobre “Saúde, Meio Ambiente e Sustentabilidade” por meio do trabalho coletivo. Para participar, um ou mais estudantes devem desenvolver um trabalho original (elaboração de texto, produto audiovisual ou projeto de ciências) em 2023 ou 2024 sobre um tópico relacionado à saúde e/ou meio ambiente, sob a responsabilidade de um ou mais professores. As inscrições, gratuitas, devem ser feitas por um professor, entre 1/8/23 e 30/6/24. Mais informações.

Consulta pública sobre educação midiática – Está aberta até 15/6 a consulta pública lançada pela Secretaria de Comunicação da Presidência da República para a implementação de um projeto nacional de educação midiática. Entre outras ações, o projeto busca investir em cursos, oficinas e outras atividades extracurriculares, instituições e grupos acadêmicos, para promover a educação e literacia midiática no país, com foco no ensino básico e superior. De acordo com a Secretaria, o objetivo da consulta “é alcançar, mobilizar e receber contribuições críticas e sugestões de diversos setores, incluindo a sociedade civil, (...) a fim de enriquecer as iniciativas planejadas para implementação nos próximos anos, com participação social e transparência”. Participe.

 

Eventos
Colóquio sobre desinformação: últimos dias para envio de propostas! – Interessados em participar do colóquio Scientific Disinformation: A Transnational Public Problem têm até 15/6 para o envio de propostas. O evento, que acontece de 28/2 a 1/3 de 2024 na Universidade de Laval (Quebec, Canadá), busca entender o papel do jornalismo científico no debate sobre a desinformação no setor em uma escala transnacional. Mais informações

Evidência e poder em debate – As universidades de Stellenbosch (África do Sul) e Bournemouth (Inglaterra) lançam a Evidence & Power Online Roundtable Series. A iniciativa visa promover discussões sobre a intrincada relação entre ciência, comunicação e sociedade. A primeira mesa-redonda da série acontece em 15/6, às 9h (horário de Brasília), reunindo cinco pesquisadores. Para participar, basta se inscrever, gratuitamente.. Mais informações sobre a série.

 

Oportunidades
Bolsas para jornalistas e divulgadores – A Erice Escola Internacional de Divulgação Científica e Jornalismo, em sua 11ª edição, acontece de 8/10 a 10/10, na cidade italiana de Erice. O tema é “Sociedade de big data: o que a quântica, a supercomputação e a inteligência artificial podem e não podem fazer pela ciência”. O Instituto Italiano de Física Nuclear, que promove a iniciativa, oferece 20 bolsas para jovens jornalistas e comunicadores de ciência participarem, sendo 15 para candidatos que vivem na Europa e 5 para aqueles que vivem em outros países. Mais informações.

Prêmio de jornalismo científico – A edição de 2023 do AAAS Kavli Science Journalism Award está com inscrições abertas até 1/8. Podem concorrer jornalistas de todo o mundo, com trabalhos veiculados entre 16/7/22 e 15/7/23. São oito categorias de trabalhos – incluindo reportagens impressas, audiovisuais e textos para crianças – e duas premiações, uma de 5 mil e outra de 3,5 mil dólares. Mais informações.

Tem uma sugestão de notinha para a próxima edição do boletim Ciência & Sociedade? Oba! Envie para o e-mail <Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.>. 


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Ciência & Sociedade é o informativo eletrônico do Núcleo de Estudos da Divulgação Científica do Museu da Vida (Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz). Editores de Ciência & Sociedade: Carla Almeida e Marina Ramalho. Redatores: Luís Amorim e Rosicler Neves. Projeto gráfico: Barbara Mello. Informações, sugestões, comentários, críticas etc. são bem-vindos pelo endereço eletrônico <Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.>. Para se inscrever ou cancelar sua assinatura do Ciência & Sociedade, envie um e-mail para <Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.>.        

* A seção Especial Desinformação é uma iniciativa do projeto “O desafio da desinformação em saúde: compreendendo a recepção para uma melhor divulgação científica”, contemplado pelo Programa Proep 2022, da Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz) e do CNPq.

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