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Por Melissa Cannabrava

Projetos conscientizam crianças sobre o Meio Ambiente. Crédito: Arquivo

Há 48 anos, no dia 5 de Junho de 1972, durante a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, foi instituído o Dia Mundial do Meio Ambiente. O intuito era chamar a atenção de todos os setores da sociedade para a importância dos problemas ambientais, das consequências das ações humanas sobre a natureza e para a necessidade de preservação dos recursos naturais, que, para muitos à época, seriam inesgotáveis.

Conhecida como Conferência de Estocolmo, o evento foi palco da criação de diretrizes para orientar a política ambiental mundial, iniciando uma nova forma de encarar as questões ambientais em todo o planeta. Um dos maiores desafios está nos impactos negativos da vida moderna na natureza. A constante preocupação com um modo de vida mais sustentável vem alavancando a criação de projetos sociais que visam educar a população sobre como lidar com o meio ambiente em seus territórios. A RedeCCAP - Centro de Cooperação e Atividades Populares - é um exemplo.

Localizada em Manguinhos, na zona norte do Rio, a iniciativa convida jovens e crianças a pensar o meio ambiente do local onde vivem, a partir de práticas e soluções para os problemas ambientais, como, por exemplo, a Oficina Portinari. O projeto busca mostrar um conceito mais amplo de meio ambiente: “Enquanto educadora, quando estou dando uma aula, pergunto: o que é meio ambiente? E as pessoas sempre relacionam o meio ambiente com a fauna e a flora, não a esse conceito ampliado de meio ambiente. A nossa casa é um meio ambiente, nosso bairro e todo o entorno é o meio ambiente. A oficina Portinari vai nessa direção, trazendo a discussão de meio ambiente para as favelas”, relata a geógrafa Rejany Ferreira.

Representante da RedeCCAP no Comitê de Bacia da Região Hidrográfica da Baía de Guanabara, Rejany fala da importância da sociedade civil organizada no diálogo sobre os recursos hídricos e o saneamento básico para as comunidades, propondo e discutindo políticas públicas: “Fazemos propostas pensando nas condições de melhorias de saneamento básico dentro das favelas, não necessariamente com esse modelo das grandes obras. Temos tecnologias sociais que podem resolver a questão do saneamento nas favelas sem ter que remover uma parte considerável dos moradores”, explica. Ela ressalta, ainda, a importância de inserir as favelas no debate sobre as questões ambientais:

"Precisamos participar e estar nesses espaços de decisão para poder dialogar e trazer o olhar da favela para o saneamento, sem que venha um modelo pronto, porque a população local consegue olhar outra forma de resolver os problemas”.

Para a jornalista e ambientalista Beatriz Diniz, os governantes não estão pensando o meio ambiente como prioridade: “No Brasil, chegamos ao ápice do desprezo pelo meio ambiente na eleição passada. 'Meio ambiente não é importante', repetiam. Hoje, além de estarmos colhendo o resultado do desmonte da política ambiental brasileira, estamos passando por uma pandemia que tem relação com a violenta interferência humana na natureza. Não somos superiores à natureza, fazemos parte e dependemos dela para viver. Vivemos num país megabiodiverso. Era para conhecermos melhor toda essa riqueza natural e entendermos as vantagens que temos”, defende.

Atuação na Serra da Misericórdia

Diante das dificuldades de uma mudança sustentável, surge em 1997 a Verdejar Socioambiental por meio da agroecologia e da gestão ambiental e cultural. Organização da sociedade civil sem fins lucrativos, busca contribuir para a recuperação, preservação e gestão do maciço da Serra da Misericórdia, considerada área de preservação ambiental. Com a premissa de cooperação entre movimentos sociais, os integrantes do projeto Verdejar acreditam que somente com a união entre diferentes segmentos da sociedade, vítimas da exclusão social e ambiental, é que teremos condições de enfrentar as injustiças que se perpetuam pelos territórios das comunidades.

“Em 2015, me juntei a coletivos no Alemão que cuidavam e reflorestavam a Serra da Misericórdia, como o CEM, uma ONG socioambiental situada no Complexo da Penha. Em 2017, meu sonho particular de plantar ao lado de crianças veio em forma de projeto que eu mesma escrevi. Corri atrás dos parceiros locais e da articulação com moradores. Plantamos umas 200 mudas de plantas nativas da Mata Atlântica”, lembra a moradora do Complexo do Alemão Edlene Conrado, que é responsável por questões ambientais da ONG Voz das Comunidades.

Edlene plantou cerca de 200 mudas na Serra da Misericórdia. Crédito: Arquivo

Neste Dia Mundial do Meio Ambiente, é evidente que precisamos repensar nosso modo de vida e as ações que causam a degradação ambiental. Iniciativas ligadas ao meio ambiente dentro da sociedade civil estão se multiplicando e inspirando muitas pessoas por aí. Você conhece projetos que merecem ser compartilhados? Entre em nosso Instagram e comente na postagem do Dia Mundial do Meio Ambiente sobre as iniciativas de favelas e bairros periféricos que precisam de visibilidade!

Publicado em 5 de junho de 2020

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