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Por Renata Fontanetto

Nem só de animais vive um zoológico. Igualmente importantes são as placas informativas, recursos encontrados em diversos museus e centros culturais. Atenta a esse meio de comunicação, a mestra em divulgação científica Priscila Coelho analisou as 287 placas da trilha do Parque das Aves, em Foz do Iguaçu (PR). O local realiza um trabalho de conservação das aves da Mata Atlântica. Em seus resultados, Coelho percebeu que essa narrativa está presente nos textos.

Ela também realizou grupos focais on-line com adolescentes, com o objetivo de investigar as percepções dos participantes em relação a 12 placas selecionadas. A conversa demonstrou que esses materiais têm potencial de debate e engajamento sobre o meio ambiente e a conservação ambiental. Alguns adolescentes fizeram sugestões e demonstraram interesse por esse tipo de comunicação.

Segundo a pesquisadora, escolher o local da pesquisa foi fácil. “Eu adoro aves e, desde que soube do Parque, queria conhecê-lo. Por que não aproveitar para estudá-lo? Eu já vinha fazendo pesquisa com público e quis continuar, inclusive com a faixa etária dos adolescentes”, detalha. Em relação às placas, elas seriam uma parte secundária da pesquisa. “Porém, com a pandemia, eu tive que adaptar meu projeto e, com a ajuda das minhas orientadoras, resolvemos juntar o estudo das placas com a percepção dos adolescentes”, acrescenta.

Vocês perguntaram e a mais nova mestra da área responde em nova edição do Conta Aí, Mestre!

@WandaHamilton
Parabéns pelo título, mestre Priscila! Gostaria de saber se o engajamento redundou em um posicionamento crítico em relação aos desafios ambientais de contemporaneidade e se foram feitas sugestões e quais, pelos jovens, que resultem em melhorias na comunicação do espaço com seus públicos. Obrigada!

Priscila Coelho: Obrigada, Wanda! Os participantes comentaram sobre problemas ambientais abordados nas placas, como, por exemplo, o desmatamento e o tráfico de animais. Eles reconheceram que são questões sérias que devem ser combatidas, mostrando preocupação com os animais e meio ambiente, porém não foram muito além disso. Em relação às sugestões, foram mais relacionadas ao conteúdo e ao design das placas mostradas a eles. Houve alguns comentários sobre frases escritas em determinadas placas. Em uma delas, que apresentava ações que poderiam ser feitas em nível individual para ajudar na conservação de determinada espécie, alguns adolescentes defenderam que faltava informação para os visitantes. Inclusive em um grupo, eles debateram entre si até que ponto aquela placa ajudava na conscientização das pessoas.

@DenyseAmorim
Parabéns, mestra. Você acredita que QRCodes podem ajudar em visitação sem mediação?

R: Obrigada, Denyse! Bem, eu acredito que os QR codes têm o potencial de ajudar, sim. Mas, na experiência que tive e do jeito que são apresentados, eu acho que eles só atingem as pessoas já engajadas e interessadas pelo assunto. Foi apresentado aos grupos um QR code mais interativo, que mostrava sons de diferentes aves de um determinado recinto, e os participantes responderam positivamente e se envolveram com a proposta. Porém, na visita presencial, não sei até que ponto os visitantes iriam interagir com esse ou os outros QR codes.

@JoséHenriqueAraujoBastos
Tem informações em Braille?

R: Olá, não foram observadas informações em Braille nas placas estudadas.

@melmmcs
Oi, Priscila! Parabéns pela pesquisa! Fique curiosa em relação às sugestões dos adolescentes sobre as placas. Você pode destacar o que mais te surpreendeu ao ouvir esse grupo?

R: Obrigada! A quantidade de sugestões colocadas pelos participantes já foi algo que me surpreendeu... Foram várias reflexões interessantes. Acredito que o que mais me surpreendeu foi uma adolescente que ficou observando a relação das cores, assim como o recorte, tamanho e relevância das imagens nas placas. Por exemplo, em uma delas, ela comenta que ficou incomodada com o recorte da imagem, pois tinham cortado uma parte do braço da pessoa que aparecia na foto.

@beatrizschwenck
Parabéns, Priscila! Quanto às placas selecionadas para investigação da percepção do grupo de adolescentes, qual foi o critério utilizado para esta seleção? O parque já fazia algum tipo de trabalho com o público nesse sentido? Tb fiquei curiosa sobre as sugestões dos jovens! Obrigada e sucesso c seu trabalho!????

R: Obrigada, Beatriz! Então, para escolher as 12 placas que foram mostradas aos grupos, foram observadas as categorias criadas em relação ao conteúdo das placas e, com isso, selecionadas aquelas placas que mostrassem a maior diversidade de estratégias para comunicar temas de interesse para a pesquisa, como a questão dos problemas ambientais. Foi feito isso observando, também, a representatividade dos tipos de placas da trilha. Por exemplo, existiam mais placas na categoria de informações científicas do que as sobre o Parque das Aves. Logo, selecionamos mais placas que continham a primeira categoria. Que eu saiba, o Parque não tinha/tem um trabalho de percepção de visitantes específico com as placas, mas eles fazem diversos estudos de público. Na verdade, se não fosse a pandemia, essa pesquisa também não teria focado na percepção das placas pelos adolescentes, mas foi um olhar bem interessante e rico. Além das sugestões que comentei na reposta anterior, vários participantes comentaram sobre mudança de imagens consideradas menos atrativas, organização e ordenação de informações e das próprias placas (quando havia mais de uma junta da outra).  

@ritalcantara
Parabéns, Priscila!!! Gostaria de saber se a sua pesquisa indicou como podemos estimular o debate e engajamento em temáticas ambientais com os adolescentes.

R: Obrigada, Rita! Que comentário importante. Infelizmente não refletimos sobre isso de maneira ampla, apenas relacionado à questão das placas. Percebemos que o design e conteúdo visual delas (quase todas as placas continham pelo menos uma imagem) influenciaram fortemente a atenção dada pelos adolescentes à placa e, consequentemente, à sua mensagem. Com isso, nas placas com assuntos como a importância da Mata Atlântica, seu desmatamento e problemas causados aos animais, os participantes comentavam sobre tais questões, algumas vezes mostrando um maior engajamento. Acredito que temos que apresentar materiais que sejam atrativos a eles para que possam ser estimulados a debater.   


@maymanoli
Priscila, que maravilha de pesquisa! Os adolescentes fizeram alguma sugestão que envolvesse a divulgação das informações sobre as aves nas redes sociais para ter mais interação?

R: Obrigada! Como já respondi anteriormente, os adolescentes fizeram várias sugestões relacionadas às placas mostradas a eles. Eles não foram muito além disso e acabamos também não incentivando conversas sobre redes sociais. Mas, com certeza, teria sido um assunto muito interessante de ser abordado.

Publicado em 6 de agosto de 2021.

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