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Informativo do Núcleo de Estudos da Divulgação Científica do Museu da Vida     
Ano XXII - nº. 291. RJ, 8 de setembro de 2022.    

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Neste informe: 

Especial Desinformação 
1. Por melhores teorias sobre as teorias da conspiração  

Leituras
2. O papel da ignorância na divulgação científica 
3. Motivações para o engajamento – ou não – em ciência  
4. A cobertura sobre a pílula do câncer em jornais de SP  
5. Teatro no contexto da divulgação científica   

Ações
6. Museu Nacional: fachada inaugurada, exposições e atividades educativas  
7. Evento comemora 50 anos de um marco da museologia  

Eventos
8. Seminários sobre covid-19 e comunicação  
9. Literacia em Saúde  

Oportunidades
10. Formação em divulgação científica 
11. Apoio para evento  
12. Revista recebe artigos para dossiê 


Especial Desinformação 

1. Por melhores teorias sobre as teorias da conspiração – Teorias da conspiração são um ingrediente importante da chamada era da pós-verdade e, por isso, têm alimentado um intenso debate. No entanto, as visões que circulam mais abundantemente sobre elas e seus defensores entre as elites são ainda superficiais e estereotipadas – por exemplo: não passam de ideias estapafúrdias defendidas por pessoas irracionais com mania de perseguição. No intuito de entender melhor o fenômeno, pesquisadores dos Países Baixos e da Bélgica se propuseram a estudar como “pessoas comuns” discutem o tema. Para isso, realizaram uma análise de conteúdo de 522 comentários de leitores sobre uma matéria publicada num portal de notícias holandês (NU.nl.) abordando teorias da conspiração. Em meio a uma miríade de visões identificadas sobre o assunto, chegaram a quatro grandes categorias em que elas se enquadram: “hábito de desconfiança”, que reflete uma profunda suspeita direcionada a elites, instituições e verdades oficiais; “quem envolver nos debates públicos”, em que se discute a legitimidade dos atores engajados nas disputas; “quais formas de saber permitir”, quando os saberes científicos competem com outros tipos de saberes; e “o que está em jogo?”, onde se concentram as discussões sobre as consequências de se abrir espaço no debate público para defensores de teorias da conspiração. Para os pesquisadores, os resultados sugerem que as opiniões de pessoas comuns sobre as teorias da conspiração incorporam mais complexidade e nuances do que as concepções da elite. O estudo, publicado na Public Understanding of Science, pode ser lido gratuitamente.

Leituras

2. O papel da ignorância na divulgação científica – Há muito mais coisas que ignoramos do que conhecemos. No entanto, a percepção comum da ignorância como um traço negativo a deixou pouco apreciada nos debates sobre como tornar público o conhecimento científico – mesmo que a ignorância e a incerteza sejam partes complexas e essenciais da ciência. Em resposta a esse contexto desafiador, o artigo “Public Understanding of Ignorance as Critical Science Literacy” sugere “reabilitar a ignorância como um aspecto e uma ferramenta importante na ciência”. O autor argumenta que “entender a ignorância é um aspecto central da compreensão pública da ciência” e, baseado na alfabetização científica crítica, defende “a construção de habilidades que permitam diferenciar o uso legítimo da ignorância, em oposição ao seu mau uso e abuso”. O texto, um dos cinco sobre como a divulgação científica pode ser futuramente, integra a edição especial "Connecting Science with People: Creating Science Communication that Matters", publicada pela revista Sustainability. A edição completa está disponível gratuitamente.

3. Motivações para o engajamento – ou não – em ciência – Um estudo americano, realizado pela ScienceCounts e pela Association of Science and Technology Centers (ASTC), buscou entender melhor as principais motivações e barreiras do público para a participação em atividades de engajamento relacionadas à ciência. Foram coletados dados de setembro de 2021 a fevereiro de 2022, com metodologias qualitativas (oito grupos focais) e quantitativas (uma pesquisa nacional online representativa com 2.590 participantes). Os dados mostram que 94% dos entrevistados estão interessados em pelo menos uma área da ciência. As cinco principais motivações para participar de atividades de divulgação científica são curiosidade (36%), ganhar novos conhecimentos ou habilidades (35%) diversão (33%) autonomia em tarefas (29%) e se recarregar física, mental ou emocionalmente (29%). Segundo os autores, a curiosidade está presente igualmente em gênero, idade, raça/etnia, renda, geografia, educação e ideologia política. No outro extremo, a falta de tempo é o problema mais comum para o engajamento dos americanos, com 59% desejando ter mais tempo para se envolver em atividades. Mas algumas barreiras desencorajam certas comunidades mais do que outras. Por exemplo, 40% dos adultos negros indicam que as exposições e atividades científicas se concentram principalmente nas realizações dos homens brancos. Mais informações.

4. A cobertura sobre a pílula do câncer em jornais de SP – Em 2015, uma substância chamada fosfoetanolamina sintética – apelidada de “pílula do câncer” – ganhou as manchetes dos principais meios de comunicação brasileiros. Por um lado, pacientes com câncer e seus familiares pleiteavam acesso à substância, que era anunciada por seus desenvolvedores como uma esperança promissora para o tratamento de câncer. Por outro, associações médicas e grande parte da comunidade científica apontavam o risco de se distribuir à população uma substância que não havia passado por todas as etapas exigidas pelos protocolos científicos e agências de regulação para aprovação de um novo medicamento. No artigo “Controvérsia científica no jornalismo: Uma análise sobre a cobertura da pílula do câncer”, publicado recentemente na revista E-compós, as autoras analisam como os principais jornais paulistas – Folha de S.Paulo e O Estado de São Paulo – cobriram o debate. Elas apontam que, apesar da cobertura ter se concentrado nas seções de saúde, a abordagem do tema não se limitou a aspectos científicos, dando destaque para o enfoque político-jurídico e ético-moral, o que reforça que a ciência possui desdobramentos que extrapolam o âmbito acadêmico. Leia gratuitamente.

5. Teatro no contexto da divulgação científica – Embora haja evidências de diálogo prolífico entre ciência e teatro desde a Grécia Antiga, a interação entre os dois campos passa por um processo de interesse renovado desde o início dos anos 2000. A divulgação científica responde em parte pelo fenômeno recente, conferindo crescente espaço e atenção a iniciativas que exploram o universo científico por meio das artes cênicas. A contribuição acadêmica do campo sobre o tema, porém, tem sido mais tímida, estando mais restrita a disciplinas tradicionalmente associadas ao teatro. Nesse sentido, vale destacar a publicação do livro Science & Theatre: Communicating Science with Performing Arts, de Emma Weitkamp e Carla Almeida, que acaba de sair pela Emerald. A partir de uma robusta revisão de literatura, de uma enquete internacional com profissionais que atuam no campo e de estudos conduzidos pelas autoras nos últimos anos, o livro busca traçar o estado da arte da prática e da pesquisa acadêmica sobre o teatro no contexto da divulgação científica. Além disso, traz uma coletânea de oito projetos desenvolvidos nessa seara em diferentes partes do mundo. O livro, em inglês, está à venda no site da Emerald.


Ações

6. Museu Nacional: fachada inaugurada, exposições e atividades educativas – Como parte das celebrações do bicentenário da Independência, o Museu Nacional reinaugurou em 2/09 a fachada do Paço Imperial da Quinta da Boa Vista, em São Cristóvão, fim da primeira etapa de obras de recuperação do Museu, que pegou fogo há quatro anos. Além da fachada, o Jardim Terraço, que ocupa a entrada da construção, está revitalizado e abrigará exposições, apresentações artísticas e atividades educativas para celebrar o ressurgimento do espaço cultural. No hall de entrada do Palácio (sala do meteorito Bendegó) foi montada uma exposição de exemplares de minerais. Será a primeira vez, após o incêndio de 2018, que o público poderá se aproximar do prédio e observar – de suas portas centrais – um conjunto com 17 peças de pequeno e grande porte. Confira a programação completa.

7. Evento comemora 50 anos de um marco da museologia – A Mesa-Redonda de Santiago do Chile, encontro marcado por debates em torno do papel social do museu, completou cinco décadas em 2022. Para celebrar a data e refletir sobre os seus reflexos, a Casa de Oswaldo Cruz realizará o Seminário Internacional “50 anos da Mesa de Santiago: o museu integral e seu papel social”. O evento acontecerá nos dias 21/09 e 22/09, no auditório do Museu da Vida (RJ), com transmissão on-line. A mesa de abertura contará com a participação de Leonardo Mellado, presidente do ICOM (International Council of Museum). Outras três mesas-redondas estão previstas, com os motes: “A Declaração de Santiago, 50 anos depois”, “Desafios para a educação museal: conceitos, mediadores e públicos” e “Novos museus, novos atores, novas abordagens”. Acesse a programação

 

Eventos

8. Seminários sobre covid-19 e comunicação – De 7/11 a 11/11, a Fiocruz Brasília promove o VII Seminário Nacional e III Seminário Internacional “As relações da saúde pública com a imprensa”. Com o tema “Covid-19, o que a comunicação tem a ver com isso?”, o evento terá cinco eixos: Comunicação e Ciência, Comunicação e Trabalho, Mídias Sociais, Comunicação Popular, e o Lugar e o Papel da Comunicação. O prazo para submissão de trabalhos vai até 30/09. Saiba mais.

9. Literacia em Saúde – A Fiocruz realiza nos dias 13/10 e 14/10 a I Mostra Brasileira de Literacia em Saúde, via plataforma virtual, com transmissão ao vivo pelo YouTube. A chamada para envio de trabalhos a serem apresentados no evento – que podem ser relatos de pesquisa ou relatos de experiência – está aberta até 18/09. Mais informações.


Oportunidades

10. Formação em divulgação científica – Um dos únicos no país, o mestrado em Divulgação da Ciência, Tecnologia e Saúde da Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz recebe inscrições até 10/10. São 15 vagas distribuídas nas linhas de pesquisa Cultura científica e sociedade; Educação, comunicação e mediação; e Estudos de público/audiência. Há reserva de vagas para pessoas com deficiência, negros e indígenas. Não há cobrança de taxa de inscrição. Informações.

11. Apoio para evento – A rede PCST, com recursos doados pela Fundação Kavli, apoiará a participação de cerca de dez inscritos de países em desenvolvimento em seu próximo evento, que acontece em abril de 2023, em Rotterdam, na Holanda. O apoio pode incluir inscrição, deslocamento e alojamento. Saiba mais detalhes. O prazo de submissão de trabalhos no evento foi estendido até 14/09. 

12. Revista recebe artigos para dossiê – A revista JCOM América Latina está recebendo artigos para a edição especial "Desinformação e divulgação da ciência e da saúde na América Latina”. Artigos sobre a compreensão do fenômeno, suas implicações, limites conceituais, entre outros temas, são bem-vindos. Os artigos podem ser enviados até 20/11, em português ou espanhol. Mais informações.   


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Ciência & Sociedade é o informativo eletrônico do Núcleo de Estudos da Divulgação Científica do Museu da Vida (Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz). Editores de Ciência & Sociedade: Marina Ramalho e Carla Almeida. Redatores: Luís Amorim e Rosicler Neves. Projeto gráfico: Barbara Mello. Informações, sugestões, comentários, críticas etc. são bem-vindos pelo endereço eletrônico <Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.>. Para se inscrever ou cancelar sua assinatura do Ciência & Sociedade, envie um e-mail para <Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.>.      

   * A seção Especial Desinformação é uma iniciativa do projeto “O desafio da desinformação em saúde: compreendendo a recepção para uma melhor divulgação científica”, contemplado pelo Programa Proep 2022, da Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz) e do CNPq.   

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Funcionamento:  de terça a sexta, das 9h às 16h30; sábados, das 10h às 16h.

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