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Informativo do Núcleo de Estudos da Divulgação Científica do Museu da Vida Fiocruz      

Ano XXII - nº. 323. RJ, 9 de maio de 2025.      

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Habemus papam! O cardeal Robert Prevost, nascido nos Estados Unidos e naturalizado peruano, foi o escolhido para suceder ao Papa Francisco. A escolha foi celebrada por ambientalistas. Leão 14 já se manifestou publicamente pela preservação do meio ambiente, defendendo iniciativas de sustentabilidade implementadas por seu antecessor e convocando tomadores de decisão a passar das palavras à ação. O chamado é feito em momento importante, em que impasses na governança da crise climática global gera ceticismo em relação aos resultados da COP30, que acontece em novembro em Belém. A atuação do novo papa na agenda ambiental também deve reforçar o risco imediato que as mudanças climáticas representam ao mundo, fazendo frente à cruzada negacionista de Trump nos Estados Unidos, que parece já produzir efeitos. Segundo pesquisa do Datafolha, a parcela de brasileiros que afirma que as mudanças climáticas não são um risco cresceu de 5% para 9% de junho de 2024 a abril de 2025 (Leia mais na seção Especial Desinformação). No meio acadêmico, uma conquista importante no que concerne à ciência e à equidade de gênero no Brasil: o presidente Lula sancionou em 24/4 lei (nº 475/20240) que combate a discriminação de gestantes, parturientes e pessoas que exercem cuidado de uma ou mais crianças em processos seletivos de bolsas de graduação e pós-graduação. A nova legislação proíbe a utilização de critérios discriminatórios contra estudantes e pesquisadoras em virtude de gestação, parto, nascimento de filho, processo de adoção ou obtenção de guarda judicial para fins de adoção. Ainda no âmbito acadêmico, um estudo recém-publicado analisou dados de submissão de projetos para bolsas de produtividade em divulgação científica do CNPq entre 2013 e 2021, apontando as regiões e institutos mais contemplados e perfis distintos de trajetórias dos bolsistas na área (Leia mais na seção Leituras). Confira também no boletim Ciência & Sociedade de maio a edição especial da revista JCOM sobre DC e inteligência artificial, a décima edição do Pint of Science no Brasil, a conferência internacional de museu inclusivo, premiação para jornalistas de ciência, entre outras dicas de leituras, ações, eventos e oportunidades. Boa leitura!

  

Especial Desinformação

Negacionismo climático em ascensão? – Segundo pesquisa do Datafolha, a parcela de brasileiros que afirma que as mudanças climáticas não são um risco cresceu de 5% para 9% de junho de 2024 a abril de 2025. Divulgada no início de maio, a pesquisa ouviu 2.002 pessoas com 16 anos ou mais em 113 municípios de todas as regiões do Brasil, entre 8 e 11 de abril de 2025. A maioria dos entrevistados, porém, diz que as mudanças do clima são um risco imediato (53%). O grupo que fazia essa afirmação era de 52% em junho de 2024. Somados aos que veem riscos para gerações futuras, são 88% dos participantes da última pesquisa. Em junho de 2024, esse percentual era de 94%. Os dados apontam uma leve tendência de aumento do negacionismo climático no Brasil, o que, segundo especialistas, pode estar ligado ao efeito Donald Trump e sua cruzada negacionista nos Estados Unidos, onde cortou recursos de diversas iniciativas de enfrentamento à crise climática. As ações do governo Trump e a proximidade da COP30, a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, que acontece em novembro em Belém, seria um combustível para produção de notícias falsas. Seja como for, os dados mostram sobretudo que, embora exista uma polarização em torno do tema, o brasileiro segue preocupado com problemas climáticos, independentemente da orientação política ou da religião, e isso deveria ser um recado importante para os tomadores de decisão e o governo, que age de forma ambígua em relação ao tema e ainda não apresentou um plano efetivo de ação. Se seguir assim, é o ceticismo em relação à COP30 que deve aumentar. Leia mais sobre a pesquisa aqui.

 

Leituras

Trajetórias profissionais dos divulgadores de ciência – O campo da divulgação científica (DC) vem se fortalecendo no Brasil, o que pode ser constatado, entre outros aspectos, pela indução que os governos têm feito na área por meio de políticas públicas. Um exemplo são as bolsas de produtividade em pesquisa (PQ) do CNPq, que tem reservado número crescente de bolsas para a DC, mesmo com um histórico de queda no orçamento da pasta de C&T. O artigo “Dinâmicas da pesquisa em divulgação científica no Brasil: trajetórias e carreiras”, publicado na Revista Brasileira de Ciências Sociais, analisa dados de submissão de projetos para bolsas produtividade em DC de 2013 (primeiro ano de concessão da bolsa na área) até 2021. Além de apontar as regiões e institutos mais contemplados, os autores traçam três perfis de trajetórias dos bolsistas produtividade em DC: o pesquisador jovem (de 33 a 40 anos), com bolsas aprovadas em contexto de forte indução da área pelo CNPq; o pesquisador com perfil em consolidação (de 41 e 59 anos), que, em geral, não conseguiu a bolsa em sua primeira tentativa em outras áreas – alguns chegaram a tentar até oito vezes em campos como Educação, Comunicação, Física e Museologia –; e o pesquisador sênior (acima de 60), que, via de regra, já possuía Bolsa PQ em outra área. O artigo busca, ainda, refletir sobre a governança da ciência no Brasil, a partir da análise de trajetórias de pesquisadores e da forma como investimentos públicos ajudam a induzir e consolidar áreas de pesquisa. Acesse o texto aqui gratuitamente.

A 5ª CNCTI pelo olhar CTS – A última edição do Boletim CTS em Foco, publicação trimestral da Associação Brasileira de Estudos Sociais das Ciências e das Tecnologias, traz um dossiê temático sobre a 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (CNCTI). Realizada 14 anos após à quarta edição, foi realizada em julho e agosto de 2024, com o tema “Para um Brasil justo, sustentável e desenvolvido”, dividido em quatro eixos, sendo um deles “ciência, tecnologia e inovação para o desenvolvimento social”. O dossiê traz o olhar de especialistas na área CTS sobre as discussões que aconteceram em 18 reuniões temáticas, conferências estaduais em todos os 26 estados do país e no Distrito Federal, 5 reuniões regionais e 146 conferências livres. Somente em Brasília, a conferência contou com mais de 30 mil participantes de todas as regiões do Brasil. Em um dos textos do dossiê, o decano Renato Dagnino defende um novo olhar sobre as conferências, para reorientar a agenda de ensino, pesquisa e extensão da “elite científica e seus tecnocratas”. Em outro, Josemari Poerschke de Quevedo e Noela Invernizzi, tecem reflexões sobre a ampliação dos diálogos para a proposta de políticas em CT&I e a participação social, com destaque para as perspectivas de gênero e raça. Além deste dossiê, há outros temas igualmente relevantes abordados em edições anteriores do boletim, como “A Amazônica e o Antropoceno”, Mudanças Climáticas” e “Inteligência Artificial”. Acesse aqui o boletim

Edição especial da JCOM discute DC e inteligência artificial – Em 2024, a conferência “Science Communication in the Age of AI”, uma das primeiras conferências de pesquisa sobre divulgação científica e inteligência artificial (IA), foi realizada na Universidade de Zurique, na Alemanha. A resposta à conferência, que contou com 98 pesquisadores de sete países, motivou a organização de uma publicação com contribuições de participantes do evento, lançada em abril em uma edição especial da revista JCOM. A edição reúne 14 artigos de países da Europa e da Ásia, que tratam de quatro dimensões de pesquisa sobre DC na era da IA: divulgação científica sobre IA, divulgação científica com IA, o impacto da IA nos ecossistemas de divulgação científica e o impacto da IA na ciência. As contribuições ilustram o potencial da IA para o campo da divulgação científica e identificam lacunas e desafios que justificam estudos mais aprofundados sobre o tema. Para os editores, os trabalhos refletem o estado da arte da pesquisa em DC com perspectivas geográficas e abordagens metodológicas mais diversificadas quando comparados a estudos anteriores, que se concentram principalmente em IA nos Estados Unidos e no Reino Unido. Metodologicamente, a edição especial abrange uma mistura de abordagens quantitativas, qualitativas, experimentais e etnográficas, contribuindo para uma compreensão mais abrangente do papel dinâmico da IA na DC. Vale a leitura! A edição especial Science Communication in the Age of AI está disponível aqui integralmente.

 

Ações

 

Pint of Science Brasil – Nas noites de 19, 20 e 21 de maio, o Pint of Science, festival internacional de divulgação científica, mobilizará cientistas das cinco regiões do país para conversarem sobre ciências em ambientes descontraídos como bares, restaurantes e cafés. O festival foi criado em 2012, na Inglaterra, e chegou ao Brasil em 2015. Desde então, vem crescendo e ganhando destaque em todo o país. Este ano 169 cidades já cadastraram atividades na plataforma da iniciativa. O tema da edição deste ano, que tem apoio do Instituto Clima e Sociedade, é “Tempo de mudanças”. Gratuito e aberto a todos os interessados, o festival não demanda inscrições prévias. Para participar, basta conferir as cidades em que a iniciativa ocorrerá e comparecer aos locais divulgados no site. Confira a programação completa.

Ciência para os ouvidos – O podcast de antropologia Mundaréu, produzido pelo Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo (Labjor) da Unicamp, acaba de ganhar uma nova temporada: Mundaréu na Colômbia. A série de cinco episódios aborda o trabalho de antropólogas feministas colombianas que dialogam com os estudos sociais da ciência e tecnologia, estudos descoloniais, relações étnico-raciais e de classe. A partir de entrevistas (em castelhano) e narrações (em português), os episódios cruzam florestas, sabores e bordados, em conversas sobre perspectivas e práticas antropológicas. O ouvinte conhece as lutas colombianas e ativismos políticos, feministas e acadêmicos, com experiências regionais. A coordenação da série é das pesquisadoras Daniela Manica (Brasil) e Tania Perez-Bustos (Colômbia). Acesse aqui a série.

 

Eventos

Conferência discute museus e inclusão – De 15 a 17/9, acontece na Universidade São Jorge, em Zaragoza (Espanha), a 18ª edição da International Conference on the Inclusive Museum. O evento visa refletir sobre o papel de galerias, bibliotecas, arquivos e museus como instrumentos de inovação e participação social. A taxa de inscrição, que não favorece a diversidade e a inclusão no evento, custa 195 dólares na modalidade presencial e 145 dólares na modalidade on-line, com acesso a apresentações ao vivo e gravadas, discursos de boas-vindas, plenárias e conteúdo temático selecionado. Trabalhos podem ser submetidos até 15/8. Confira aqui as informações.

 

Oportunidades

Apoio a podcasts liderados por pessoas negras e indígenas – Novo edital do Instituto Serrapilheira apoiará até oito propostas de podcast, com financiamento de até R$ 55 mil por projeto e foco em iniciativas de pessoas negras e indígenas. As inscrições vão até 30/5. O valor irá custear a produção de uma temporada de cada podcast. Os aprovados terão ainda sete semanas de treinamento on-line com especialistas em produções de áudio e de conteúdo sobre ciência, além de uma etapa presencial e sessões de mentoria remota. O edital completo pode ser lido aqui.

Programa de residência para jornalistas – Termina em 2/6 as inscrições para o programa do Instituto Max Planck de História da Ciência (Alemanha) de 2026. A bolsa contempla jornalistas atuantes em diversos formatos (impresso, áudio, vídeo, rádio, online, multimídia etc.), de qualquer país, e pode ter duração de até 2,5 meses, desde que explorem as temáticas história, filosofia ou sociologia da ciência. Saiba mais aqui.

Prêmio internacional para jornalistas de ciência – Jornalistas de ciência de todo o mundo têm até 1/8 para se inscrever no prêmio de jornalismo científico da Associação Americana para o Avanço da Ciência (AAAS, na sigla em inglês). O AAAS Kavli Science Journalism Award homenageia jornalistas profissionais por suas reportagens de destaque nas áreas de ciências, engenharia e matemática. Esta edição conta com oito categorias e, em cada uma delas, há dois prêmios: Ouro, no valor de 5.000 dólares, e Prata, valendo 3.500 dólares. Se os originais não estiverem em inglês, precisam ser vertidos para essa língua. Confira todas as informações aqui.

 

Tem uma sugestão de notinha para a próxima edição do boletim Ciência & Sociedade? Oba! Envie para o e-mail Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.

 

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Ciência & Sociedade é o informativo eletrônico do Núcleo de Estudos da Divulgação Científica do Museu da Vida (Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz). Editores de Ciência & Sociedade: Carla Almeida e Marina Ramalho. Redatores: Luís Amorim e Rosicler Neves. Projeto gráfico: Barbara Mello. Informações, sugestões, comentários, críticas etc. são bem-vindos pelo endereço eletrônico <Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.>. Para se inscrever ou cancelar sua assinatura do Ciência & Sociedade, envie um e-mail para <Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.>.

* A seção Especial Desinformação é uma iniciativa do projeto “O desafio da desinformação em saúde: compreendendo a recepção para uma melhor divulgação científica”, contemplado pelo Programa Proep 2022, da Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz) e do CNPq.

 

Publicado em 28 de maio de 2025.

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