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Por Rodrigo Narciso, Teresa Santos, Kelly Toledano, Renata Bohrer e Cláudia Marapodi

Foto: Vitor Vogel/COC Fiocruz

A 22ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia da Fiocruz chegou ao terceiro dia no campus Manguinhos trazendo diversos temas, possibilitando maior proximidade dos visitantes com a ciência. Somente hoje (23/10), quase 50 atividades foram oferecidas em diferentes espaços, entre rodas de conversa, estandes interativos, apresentações artísticas e feira de ciências. 

Passaram pelo campus diversos grupos de escolas públicas, vindos não somente do próprio município do Rio de Janeiro, mas também de cidades da região metropolitana, como Duque de Caxias, São João de Meriti e Itaboraí (RJ). “Essa visita é muito importante para as nossas crianças. A maioria delas são de comunidades marginalizadas, que não estão habituadas a circular por esses espaços. Então, trazê-las pra cá, pra essa nave do conhecimento, e movimentar pautas de justiça climática, biodiversidade e saúde é muito importante”, relata o professor Luiz Alexandre Guimarães, da Escola Municipal Armando de Oliveira, de São João de Meriti. 

Quem quiser aproveitar a SNCT 2025 na Fiocruz ainda tem muitas oportunidades. Amanhã, a programação segue intensa no campus Manguinhos, e no sábado pela manhã ocorre o evento de encerramento no Museu da Vida Fiocruz. Todas as atividades são gratuitas. 

ODS, farmácia dos oceanos e doença crônica 

Nesta quinta-feira (23/10), estudantes descobriram mais sobre os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 na atividade ‘Maré de Desenvolvimento: histórias locais e debates sobre desenvolvimento sustentável’, proposta pela Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz). A partir de uma contação de história, o público foi instigado a refletir sobre como ocorre o processo de desenvolvimento e como ele pode ser desigual e excludente em algumas áreas, principalmente, em regiões periféricas e no interior do país. Na sequência, os jovens puderam redesenhar ou criar novos selos para os ODS. Segundo o proponente Ramon Souza, pós-doutor do Programa de Pós-graduação em História das Ciências e da Saúde (PPGHCS/COC/Fiocruz), “a ideia é pensar um futuro coletivo, conjunto, porque não tem saída individual para essa exclusão”, destacou. 

Na Feira da Ciência, a atividade ‘Farmácia dos Oceanos’ apresentou insumos, medicamentos e suplementos nutricionais originários de organismos marinhos. A atividade foi promovida pelo departamento de Produtos Naturais do Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos/Fiocruz). Além de conhecer as substâncias terapêuticas extraídas do mar, os visitantes puderam conhecer exoesqueletos de crustáceos, fazer uma experiência de extração de pigmentos de algas e esponjas com diferentes solventes e ainda montar um quebra-cabeças do fundo do mar. 

A Casa de Chá recebeu a atividade ‘Saúde(s), SUS, sustentabilidade e conviventes com doenças falciformes’. A ação desta quinta-feira (23/10), organizada pela historiadora e pesquisadora Juliana Manzoni (COC/Fiocruz), recebeu palestrantes notáveis: a médica do Hemorio Clarisse Lobo; a médica Joice Aragão, que coordenou a implantação da primeira Política Nacional de Atenção Integral às Pessoas com Doença Falciforme do Brasil; Natália Borges, mestranda e uma pessoa com doença falciforme; e Winnie Samanu, pesquisadora da Fiocruz. A doença falciforme é uma condição genética e hereditária na qual os glóbulos vermelhos do sangue, em vez de arredondados, assumem forma de meia lua ou foice. Para Lobo, é preciso falar mais sobre essa condição, atingindo diferentes públicos, pois é a doença genética mais prevalente no Brasil e no mundo. Já Aragão lembrou que esta enfermidade crônica, geralmente, atinge afrodescendentes, faixa da população brasileira que ocupa segmentos de maior vulnerabilidade social na nossa sociedade.

Foto: Vitor Vogel/COC Fiocruz

Estímulo à representatividade de mulheres negras 

Um dos pilares da sustentabilidade é a promoção da equidade de gênero e da justiça social. E por isso, esses temas não ficam de fora da SNCT. O projeto ‘Meninas Negras da Ciência’, da Coordenação de Equidade, Diversidade, Inclusão e Políticas Afirmativas (Cedipa/Fiocruz), realizou sua atividade inaugural durante a SNCT. Essa é a terceira edição do projeto, que tem como propósito incentivar meninas negras do ensino médio a seguirem trajetórias nas áreas científicas, por meio de formação, mentoria e vivências em pesquisa. 16 meninas de 15 a 19 anos, moradoras de Manguinhos, Maré, Jacarezinho, Complexo do Alemão e São Cristóvão, foram selecionadas para participar de uma formação de 10 meses, com atividades educativas realizadas duas vezes por semana. O programa inclui rodas de conversa com convidadas — sempre mulheres negras de diferentes áreas do conhecimento e lideranças de movimentos sociais —, além de visitas a laboratórios da Fiocruz, museus e centros culturais. “É uma iniciativa de equidade e inclusão, que reafirma o compromisso da Fiocruz com a promoção da diversidade e o acesso de jovens negras à ciência e à tecnologia”, afirma a coordenadora Hilda Gomes. 

Foi justamente pensando nesse protagonismo da mulher negra periférica que Renata Mendes e Carla Pepe, da Coordenação-Geral de Gestão de Pessoas (COGEP/Fiocruz), desenvolveram a oficina ‘Cuidado, Corpos-água e Territórios: literatura de mulheres negras’. A partir da leitura de um conto do livro ‘Olhos d’Água’ de Conceição Evaristo, a dupla fez um paralelo sobre o cuidado com o outro, consigo e com o local onde estamos inseridos, articulando literatura, saúde e território. Alunos do Ensino Médio do Colégio Estadual Barão do Rio Branco, de Santa Cruz, foram convidados a escreverem uma mensagem aos seus territórios que refletisse a relação com as águas, elemento fundamental que conecta corpos, memória, espaços e vidas. “A gente entende a arte como um campo de interseção de saberes, que expande reflexões e uma forma de acessar a sensibilidade do público. Quando a gente lê e escreve, a gente se inscreve no mundo”, defendeu Pepe, que também é escritora e poeta. 

A saúde de meninas e mulheres esteve no centro da atividade proposta pela Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV), em parceria com o Instituto Oswaldo Cruz (IOC) e o projeto Somar/Bio-Manguinhos. ‘O Ciclo do Poder’ é um jogo de tabuleiro colaborativo, que convida os participantes a acompanhar Cris, personagem de nome neutro, em seu primeiro ciclo menstrual. A cada jogada, surgem cartas que abordam desafios reais enfrentados por pessoas que menstruam, como o acesso a produtos menstruais e o enfrentamento de tabus, promovendo diálogo, escuta e reflexão sobre a importância das políticas públicas de dignidade menstrual. Além do jogo, os participantes conheceram o absorvente ecológico produzido pelo Projeto de Dignidade Menstrual em Manguinhos, uma iniciativa que alia sustentabilidade e inclusão social. 

Foto: Vitor Vogel/COC Fiocruz

Bibliotecas como espaços de articulação de conhecimentos 

O campus Manguinhos possui diferentes bibliotecas, que também têm sido o palco para ricas experiências aos visitantes durante a SNCT na Fiocruz. A Biblioteca de Manguinhos recebeu a atividade ‘Um dia de museóloga: catalogação do acervo Museu da Vida Fiocruz’. Com o auxílio do time do Serviço de Museologia, crianças e adolescentes experimentaram práticas do dia a dia dessas profissionais, como catalogação de objetos, identificação e medição das dimensões de diferentes itens analisados. 

Na Biblioteca de História das Ciências e da Saúde, localizada no Centro de Documentação e História da Saúde (CDHS), aconteceu a proposta ‘Tem cientista na Biblioteca!: acesso à ciência, memória e cultura’, que contou com várias dinâmicas para falar da vida e obra do cientista, jornalista e divulgador da ciência José Reis. 

 “Buscamos materiais da vida acadêmica e profissional, como também da vida pessoal de José Reis. A gente queria aproximar o cientista das pessoas, mostrar ao público que ser cientista não é algo inalcançável”, contou a coordenadora da Biblioteca de Educação e Divulgação Científica do Museu da Vida Fiocruz Beatriz Schwenck.  

A atividade incluiu um quiz, visita ao acervo da biblioteca (com a possibilidade de conferir como se faz a conservação de livros antigos),  distribuição de desenhos para colorir, entre outras ações. 

Alunos da Escola Municipal João Goulart, de São João de Meriti (RJ), visitaram a exposição ‘Planeta Água nas Obras Raras: Cultura Oceânica e Mudanças Climáticas’, orientada pelo Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde. Os jovens participantes tiveram acesso a títulos históricos da Biblioteca de Manguinhos que retratam a relação entre sociedade, oceano e meio ambiente. A orientadora pedagógica Cristiane Gomes relatou suas impressões: “Escolhemos vir na Fiocruz porque aqui é um lugar que fomenta conhecimento, e isso é uma verdadeira uma aula prática pra eles”.

Combate à desinformação 

O Salão de Leitura da Biblioteca de Manguinhos recebeu ainda o ‘19° Encontro da Rede de Bibliotecas – Bibliotecas como facilitadoras do Conhecimento Aberto’. A atividade foi promovida pela Seção de Informação do Centro de Tecnologia da Informação e Comunicação em Saúde  (CTIC/Icict/Fiocruz). Durante o evento, Marianna Zattar (Icict/Fiocruz) apresentou a palestra ‘Educação em informação e conhecimento aberto para evitar desinformação científica: possibilidades de ação biblioteconômica’. Já Dayanne Prudencio (Unirio) debateu ‘Literacia em IA: discutindo o papel das bibliotecas’. Durante apresentação, Zattar deixou um alerta: “a desinformação tem 70% mais chances de ser disseminada”.

Já na Sala de Vídeo no Centro de Recepção do Museu da Vida Fiocruz, o Sesc promoveu o bate-papo ’Fake ou Fato da Ciência’. A atividade levou os alunos do 5º ano, do CIEP 330 Brizolão Municipalizado Maria Da Gloria Correa Lemos, de Duque de Caxias (RJ), a refletirem sobre os perigos e cuidados com as notícias falsas. Ainda como parte da dinâmica, os alunos conheceram ferramentas e métodos para o combate à desinformação.

A 22ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia na Fiocruz é uma realização da Fundação Oswaldo Cruz. O evento conta com recursos oriundos da Fundação Oswaldo Cruz, da Fundação para o Desenvolvimento Científico e Tecnológico em Saúde (Fiotec) e do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação – MCTI, como parte do Programa Nacional de Popularização da Ciência – Pop Ciência. Tem apoio da Associação Amigos do Museu da Vida Fiocruz (AMVF) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), e parceria da Pró-Reitoria de Extensão | PR-5 da UFRJ. Faz parte das comemorações de 125 anos da Fundação Oswaldo Cruz.

Foto: Vitor Vogel/COC Fiocruz

Publicado em 24 de outubro de 2025.

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