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Fundação Oswaldo Cruz

Rádio Sociedade

A primeira rádio brasileira nasceu no seio da comunidade científica, em 1923, pouco tempo depois de serem emitidas as primeiras radiotransmissões no mundo. Foi criada a partir do desejo de cientistas e intelectuais da época de divulgar temas de ciência e tecnologia para o público geral.

Significativamente, seu nascimento se deu nos salões da Academia Brasileira de Ciências e os integrantes do grupo que concebeu a rádio se cotizaram para implantar o novo veículo de comunicação, um instrumento educativo e de difusão da ciência e da cultura.

Os programas transmitidos pela rádio incluíam, além de música (clássica e popular) e informativos, uma série de cursos – como os de inglês, francês, história do Brasil, literatura portuguesa, literatura francesa, radiotelefonia e telegrafia – e palestras de divulgação científica.

Entre os anos de 1928 e 1929 foram 63 as palestras proferidas por meio desse veículo. Entre elas estão: “Mina de ouro”, por F. Labouriau; “Higiene”, por Sebastião Barroso; “Estados físicos da matéria” e “Como nascem os rios”, por Othon Leonardos; “Marés”, Mauricio Joppert; “Química”, Mário Saraiva; ”Física”, Francisco Venancio Filho, e ”Fisiologia do sono”, Roquette-Pinto. A Rádio Sociedade também transmitiu conferências proferidas por Marie Curie durante sua estada no Brasil .

A Rádio Sociedade encerrou suas atividades em 1936. Em convênio firmado em 2005 entre a Rádio MEC (atual detentora do acervo) e a Fundação Oswaldo Cruz, o acervo foi integralmente digitalizado, catalogado e disponibilizado no site do projeto "Memória da Rádio Sociedade". São cerca de 4 mil documentos, muitos deles contendo manifestações dos ouvintes, que fornecem alguma medida do impacto provocado pela rádio sobre seus espectadores.

Algumas das correspondências, por exemplo, transmitem congratulações à Rádio, felicitam seus diretores pelo trabalho realizado,  informam sobre a qualidade da transmissão ou fazem pedidos para irradiação de determinados temas.

Ouvintes como Venâncio Neiva e Manoel Figueiredo informam sobre seu interesse em ouvir as lições de telegrafia sem fio oferecidas pelo veículo de comunicação, enquanto outros, como Alberto Silvares, sugerem a publicação em jornal das lições de inglês transmitidas pela Rádio. Mais ousado, o espectador A. Eduardo Macieira pede para visitar a Rádio Soecidade e apresentar uma "série de assuntos e novidades científicas internacionais".

Fotos e reclamações também compõem esse rico acervo, inteiramente disponível no site do projeto "Memória da Rádio Sociedade": www.fiocruz.br/radiosociedade. Acesse, saiba mais sobre essa iniciativa e mergulhe de cabeça nesse material!

Fontes:

ELECTRON, ano I, n. 14, 16 ago. 1926,  p. 10.

MASSARANI, Luisa. A divulgação científica no Rio de Janeiro: Algumas reflexões sobre a década de 20. Rio de Janeiro: IBICT e UFRJ, 1998. Dissertação (Mestrado) - Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação, Instituto Brasileiro de Informação em C&T e Escola de Comunicação, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1998.



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